
A adolescência é um período intenso, marcado por transformações físicas, emocionais e psíquicas. Para a Psicologia Junguiana, esse é o momento em que o ego começa a se fortalecer, buscando autonomia e identidade, enquanto o inconsciente continua lançando conteúdos que precisam ser integrados com cuidado e escuta.
Nesse processo, o papel da família é crucial. Porém, muitas vezes, o que vemos são relações que se tornam distantes ou conflituosas, não por falta de amor, mas por falta de linguagem emocional — tanto de pais quanto de filhos.
A educação positiva nos convida a olhar o comportamento adolescente com mais empatia e menos controle. O desafio dos pais não é impedir o confronto, mas transformar o conflito em conexão. Escutar sem julgamento, validar emoções, estabelecer limites com respeito são atitudes que constroem pontes e não muros.
Na perspectiva junguiana, cada conflito carrega um símbolo. Uma birra pode ser um grito por autonomia; uma resposta ríspida, um pedido de espaço; o silêncio, uma necessidade de acolhimento que nem o próprio adolescente compreende. É preciso sensibilidade para escutar aquilo que não é dito com palavras.
A família, nesse contexto, é o primeiro espelho do self.É onde o adolescente pode — e precisa — ser visto em sua totalidade, com suas luzes e sombras. Quando os pais oferecem esse olhar amoroso e firme, favorecem o processo de individuação do filho: ele pode crescer sem precisar se romper.
Que possamos transformar a casa em um lugar de encontro. Que a escuta vença o grito. Que a presença valha mais que o controle. E que o amor — ainda que atravessado por tensões — continue sendo a base de toda relação.