Vivemos uma era de transformações profundas — e rápidas. A matéria recente daHarvard Business Reviewmostra como a Inteligência Artificial generativa já está sendo usada cotidianamente para pensar, decidir, organizar, criar e até “conversar” com os usuários de forma personalizada. Mas o que parece libertador, eficiente e prático pode também estar pavimentando silenciosamente um caminho perigoso: o da individualização total.

Se antes falávamos do isolamento social como uma consequência da vida digital, agora falamos da substituição da própria relação humana por simulacros de vínculo. Afinal, se posso pedir à IA que atue como um psicólogo da abordagem X ou Y, com escuta ativa, devolutivas acolhedoras e sugestões organizadas, por que procurar alguém de carne e osso?

Aqui é preciso um alerta. A psicoterapia é — e sempre foi — uma experiência relacional. Não se trata apenas de reorganizar pensamentos ou obter conselhos: trata-se de estar com outro ser humano, em um espaço onde o encontro genuíno pode gerar mudanças profundas. É neste espaço de vínculo real, em que o terapeuta não sabe todas as respostas e o cliente não tem um script, que se pode acessar emoções, experimentar confiança, desafiar padrões e criar novos sentidos.

Muitas pessoas procuram a psicoterapia para reduzir suas ansiedades sociais, melhorar sua espontaneidade, aprofundar vínculos. Se esse desejo for gradualmente “resolvido” por interações com uma IA — sempre previsível, sempre disponível, sempre adaptável —, o risco é de desaprendermos a estar com o outro real. Um outro que frustra, que desafia, que acolhe, que erra, que responde de forma autêntica. Um outro que nos convoca a ser mais humanos, e não apenas mais funcionais.

Se nós, adultos, já estamos experimentando esse deslocamento, o que esperar de gerações que nascem já imersas em interações com máquinas simuladoras de presença humana? Que tipo de sujeito emerge quando grande parte da sua experiência relacional se dá com dispositivos que imitam, mas não vivenciam, emoções?

A IA pode — e deve — ser útil. Pode apoiar estudos, trabalho, organização mental. Mas é preciso haver clareza sobre seus limites. Ferramentas que simulam relações humanas devem ser reguladas com responsabilidade. Porque, quando tudo que nos cerca parece suficiente, podemos esquecer que há algo que só o outro humano pode nos dar.

A psicoterapia continua sendo um desses espaços. E talvez hoje ela seja ainda mais urgente do que nunca.

*Ironicamente - ou não - esse texto foi gerado com auxílio de IA.

#ReflexãoDaSemana #InteligenciaArtificial #IAGenerativa #Psicoterapia #SaúdeMental #PsicologiaContemporânea #RelaçõesHumanas #TerapiaCentradaNaPessoa #ContatoHumano #PsicologiaeTecnologia

Rodrigo Leite - Psicólogo - CRP 06/215645

Minhas Redes: linktr.ee/rodrigoleitepsico