
Desde criança sempre senti muito, sempre chorei muito, me desesperei muito, sofri muito, me preocupei muito, sempre me emocionei muito, me decepcionei muito, me angustiei muito, sempre tive muito medo, me assustei muito
A infância não foi fácil pra mim, não era mimo, era sofrimento
Uma criança que sofria por sentir tudo e sentir muito
Sempre recai em mim o peso de sentir exaustivamente
Já quis não mais sentir como sinto, mas hoje eu sinto muito por quem não sente como eu
Sem pausas
Mas pausadamente o sintoma aparece ; O sintoma permanece ; E a escrita desenrola o nó do medo inominável
Misturado com angústia
A escrita é uma costura infindável
Eu tenho vontade de gritar alguns sonhos que já consegui escrever e nem sei se algum dia terei a decência, coragem e ousadia de colocá-los em prática
Escrevo porque há em mim uma necessidade que percorre distâncias de voar, alguns sonhos que não cabem em palavras, são indizíveis, sem tradução
Porque ao invés de vomitá-los , sempre tive pânico de vomitar, eu os traduzo escrevendo.






