Vivemos em uma cultura que, permite, muitas vezes, glorificar a reação imediata. "Não leve desaforo pra casa", "luta por tudo que é seu", "prole que você está certo". Essas frases, repetidas quase como mantras, reforçam a ideia de que precisamos reagir a tudo o que nos contraria, como se não reagir fosse um sinal de fraqueza".
Mas, na prática clínica, percebemos que o contrário também é verdade; há um tipo de força que nasce do silêncio, da escolha consciente de não se desgastar com o que não faz sentido lutar.
Nem tudo que incomoda precisa virar confronto. Na terapia cognitivo-comportamental (TCC), entendemos que o sofrimento emocional rararamente está apenas nas situações em si, mas principalmente na forma como interpretamos e reagimos a elas. Entre o estímulo e a resposta, existe um espaço, e é nesse espaço que mora a autorregulação (a capacidade de refletir antes de agir, de escolher o que realmente precisa da sua resposta e o que apenas exige um passo atrás).
Quando uma pessoa reage no impulso, ela geralmente está movida por pensamentos automáticos como:
- Ëu não responder, estou sendo fraco."
- "Se eu não me defender, o outro vai vencer."
- "Eu preciso resolver isso agora."
Esses pensamentos, na maior parte das vezes, são distorções cognitivas (formas rígidas ou absolutistas de pensar, que ativam emoções intensas e conduzem a comportamentos impulsivos). O resultado é previsível: desgaste, arrependimento e uma sensação de estar sempre em guerra.
A paz não vem de vencer todas as as discussões, mas de aprender que nem todas valem a luta. A verdadeira força emocional está em escolher, com consciência, onde vale a pena permanecer.
Vitoria Eugenia Luz Alcoforado | Psicóloga | CRP: 03/33622
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