

Busque sua melhor versão todos os dias. Esse é um imperativo moderno tão perfeito quanto angustiante. O psicanalista francês Jacques Lacan nos diz que “o ideal do eu é um organismo de defesa perpetuado pelo eu para prolongar a satisfação do sujeito. Mas é também a função mais deprimente, no sentido psiquiátrico do termo”.
Ser a sua melhor versão todos os dias pressupõe se desfazer de todas as outras. De fato, é reconfortante imaginar-se como um outro melhor, polido e resguardado dos defeitos que só a intimidade do eu reconhece. O problema é que, quanto mais distantes estamos desse ideal, mais sofremos por não alcançá-lo, tornando-se até uma condição de existir. Quem nunca ouviu “só vou ser feliz” ou “só vou ser alguém... quando...”? Uma exigência que muitas vezes não combina com o que é possível ser. E, obviamente, não podemos ser tudo ou só a parte que gostamos em nós. Por isso, antes de buscar a “melhor versão”, por que não se questionar: que versão eu sou? Provavelmente, você encontrará muito mais que uma.
Referência: LACAN, J. (1953-1954) O seminário, livro 1: os escritos técnicos de Freud.
Psicóloga: Giscelle Spindola - CRP-22/02048
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