A maioria das nossas dores mais profundas não vem do que aconteceu com a gente, mas do que sentimos que nos faltou enquanto vivíamos aquilo. Não é à toa que muitas experiências difíceis deixam marcas emocionais duradouras — não porque foram apenas eventos traumáticos em si, mas porque afetaram diretamente o que é essencial para o nosso bem-estar: as necessidades emocionais básicas.
Essas necessidades são como raízes invisíveis que sustentam nossa saúde mental. Quando estão atendidas, nos sentimos seguros, dignos, pertencentes. Quando são ignoradas ou negadas, criamos estratégias de adaptação que podem parecer funcionar no curto prazo, mas acabam nos afastando de nós mesmos.
Entre as principais necessidades emocionais básicas, podemos destacar:
- Sentir-se seguro, protegido e estável — a base do nosso senso de confiança no mundo.
- Ter vínculos e conexões com pessoas significativas, sendo amado como se é.
- Sentir-se valorizado, aceito e reconhecido — com espaço para expressar o que se sente.
- Ter liberdade para ser espontâneo, brincar, desejar.
- Ser estimulado e encorajado a crescer, explorar, criar.
Essas necessidades não são “mimos emocionais”. São parte do que todo ser humano precisa para se desenvolver de forma saudável. Quando crescemos em ambientes que frustram constantemente essas necessidades, nosso mundo interno vai se organizando em torno da falta, da proteção e do medo — e é daí que surgem muitos padrões disfuncionais.
A boa notícia é que isso não precisa ser permanente. A psicoterapia é um espaço onde essas necessidades podem ser ouvidas, reconhecidas e, muitas vezes, atendidas pela primeira vez. É como regar um solo que estava seco há anos. Aos poucos, vamos deixando de apenas sobreviver e começamos a viver com mais inteireza, mais presença e mais verdade.
Porque no fundo, cuidar da saúde mental também é cuidar do que nos sustenta por dentro.
