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Notas sobre um livro: Biblioteca da meia noite

Hoje o post é pra indicar um livro e quem sabe falar um pouco de Psicanálise também. Dia desses peguei Biblioteca da Meia Noite para ler....

Mar 5, 2024

Tainara Justiniano de Azevedo

Hoje o post é pra indicar um livro e quem sabe falar um pouco de Psicanálise também. Dia desses peguei Biblioteca da Meia Noite para ler. Vi alguém indicando no Twitter, gostei do nome e peguei pra ler, mesmo sem saber do que se tratava. Pois bem, adorei!!! A leitura me prendeu do início ao fim e ainda me fez pensar -sem muita pretensão- sobre o fazer do analista.


O livro retrata a história de uma mulher que carrega arrependimentos, que fica as voltas com escolhas que fez, pensando em como podia ter feito elas de outras maneiras e que tinha, no fim das contas, feito todas as escolhas erradas possíveis. Após uma demissão, ela resolve suicidar-se. Ao fazer a tentativa, ela é transportada para um lugar em sua mente, para uma biblioteca, que está parada no tempo a meia-noite. Ali, ela encontra uma bibliotecária, que a orienta a abrir os livros presentes naquele espaço e explica que a cada livro haverá uma vida diferente, fruto das escolhas que ela se arrependeu de não ter tomado. A princípio pensei que o livro traria um peso por tratar de um tema sensível, mas a história cativa e nos permite uma reflexão e um respiro de esperança conforme os capítulos vão passando. Esperança pela personagem e para nós também.


Não quero dar spoiler e por isso vou evitar falar o que acontece, mas posso falar sobre como a narrativa dela se altera conforme vai acessando outras possibilidades, conforme vai vendo uma mesma situação de um ângulo diferente, com outras perspectivas, o texto dela muda, a situação passa a ter um lugar diferente. Encontram-se vírgulas, pontos finais, complementos a um pensamento que até então ouvia-se como finalizado, possibilidades e as escolhas deixam de ser escolhas erradas. Passam a ser apenas escolhas.


E fiquei pensando: não é assim que opera uma análise? O paciente chega até nós com um texto. Com seus pontos colocados, vírgulas postas, frases sem complementos ou dadas como finalizadas, com pontos de interrogações espalhadas por todo canto e certezas enrijecidas feito pedras. E ali, no setting, nós possibilitamos novas formas de organizar aquele texto, indagamos, pontuamos, acrescentamos, criamos a possibilidade de se dizer de forma diferente. O texto se renova, se cria, se movimento, se fala diferente. Há uma aposta nesse movimento e com ela a esperança de dias melhores. Os textos da vida também me cativam, assim como Biblioteca da Meia-noite me cativou.

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