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O que a psicoterapia pode fazer pelas marcas deixadas pelo racismo ?

A escuta clínica e o tornar-se negro

Nov 20, 2025

Geovanna Moreira Bastos

Psicoterapia
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O Dia da Consciência Negra não é apenas uma data no calendário. É um convite para olharmos de frente para algo que atravessa a vida de milhões de pessoas todos os dias: o racismo. Ele não aparece sempre da mesma forma, mas permanece firme, adaptando-se aos tempos e aos contextos. Por isso, mais do que discutir leis ou comportamentos isolados, precisamos compreender como ele funciona e por que ainda se mantém tão presente em nossa sociedade.

 

O racismo não é algo simples de definir. Ele se transforma, muda de roupa, mas conserva o mesmo núcleo: a ideia de que algumas vidas valem menos que outras. Essa lógica, que podemos chamar de “lógica da barbárie”, molda relações, instituições e até as maneiras como as pessoas se percebem. Por isso, é preciso entender como o racismo opera de forma sutil, cotidiana e estrutural.

 

No Brasil, isso ganha contornos ainda mais particulares. Existe entre nós um tipo de racismo que se esconde na aparência de cordialidade. Não se assume abertamente, mas se expressa em olhares, silêncios, exclusões veladas e oportunidades negadas. É um racismo que diz “não vejo cor”, mas que, na prática, faz a cor definir destinos.

 

Neusa Santos, uma das grandes vozes na reflexão sobre a experiência de ser uma pessoa negra no Brasil, questiona se a abolição realmente libertou. Segundo ela, ainda carregamos desigualdades profundas que marcam o corpo e a mente. Essas marcas não são apenas estatísticas: elas atravessam a autoestima, as relações e a própria sensação de existir no mundo.

 

Ao falar dessas feridas, Neusa também aponta um caminho de reconstrução. Para ela, tornar-se negro é assumir, com coragem, a própria história — inclusive o sofrimento imposto. Mas é também encontrar força para reconstruir a si mesmo, resgatar a própria potência e refazer caminhos que por muito tempo foram limitados. É um movimento de reivindicar a própria voz.

 

É aqui que a psicoterapia se torna um espaço essencial. Quando alguém vive situações repetidas de exclusão, invisibilidade ou violência, a tendência é carregar isso como um peso interno, como se o problema estivesse dentro de si. A escuta clínica ajuda a desfazer essa armadilha. Ela oferece um lugar onde a pessoa pode falar sem medo, pode se escutar e pode transformar aquilo que antes parecia impossível de ser dito.

 

A psicoterapia também ajuda a falar livremente, a pessoa cria novas formas de compreender o que viveu e de construir respostas menos marcadas pelo sofrimento. É um processo de elaboração que pode impedir que a violência vivida seja repetida — seja sob a forma de autorrepressão, seja sob a forma de autodesvalorização.

 

Para além do cuidado individual, a clínica também tem um papel social. Ouvir histórias atravessadas pelo racismo é reconhecer que ele existe, que machuca e que não pode ser tratado como exagero. É reafirmar a necessidade de construir relações mais justas e conscientes, dentro e fora do consultório. A psicoterapia não muda a sociedade sozinha, mas ajuda a transformar sujeitos que, por sua vez, podem transformar seus mundos.Falar sobre o racismo é um ato de vida. Escutá-lo, trabalhar suas marcas e enfrentá-lo é uma tarefa que envolve todos nós.

 

Geovanna Moreira Bastos | Psicóloga e psicanalista - CRP 01/30116

Meu perfil no Terappia: www.terappia.com.br/psi/Geovanna-Moreira-Bastos

 

 

 

 

 

 

#terapia #psicologia #psicoterapia #sintoma #racismo #negritude

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