Como é a sua relação com o tédio? Você costuma se sentir apático diante da vida? Muitas pessoas relatam viver uma rotina “parada”, com poucos estímulos, marcada por um certo entorpecimento ou sensação de deslocamento. Esse estado pode estar ligado à dificuldade de reconhecer os próprios desejos e de perceber aquilo que realmente se quer da vida.
É comum que, diante desse vazio, o fim de semana se repita em atividades automáticas — assistir à mesma série, jogar o mesmo videogame, rever o mesmo filme — sempre com a sensação constante de tédio. Aos poucos, a vida social, acadêmica ou profissional também pode se tornar mais difícil. Surge, então, uma impotência diante das escolhas e decisões que a vida pede.
Mas por que, afinal, pode ser tão desafiador se posicionar? Muitas vezes, esse “estar parado” funciona como um recurso de defesa, uma forma de escapar de experiências traumáticas ou do sentimento de vazio. É como se a imobilidade fosse, ao mesmo tempo, um protesto contra as pressões externas e um escudo contra aquilo que nos fere. Por isso, alguns autores chamam esse estado de “tédio-protesto” ou “apatia-escudo”.
Quando não conseguimos identificar o que desejamos e projetar um futuro, a vida pode parecer esvaziada. Se os únicos desejos que reconhecemos são aqueles impostos pelos outros, torna-se ainda mais difícil se posicionar. Por isso, é importante refletir: o que está faltando para que você possa se sentir seguro e, aos poucos, encontrar caminhos para escolher e agir?
Sair desse estado não significa romper tudo de uma vez, mas sim construir, pouco a pouco, condições internas e externas que tragam segurança para reconhecer os próprios desejos e se aproximar de uma vida que faça sentido. A psicoterapia é um local que procura entender as condições que faltam para o indivíduo se posicionar e se compreender diante da vida.
Geovanna Moreira Bastos - CRP 01/30116
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