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Quando crescer dói: os lutos da adolescência

As perdas e os lutos da adolescência

Nov 10, 2025

Geovanna Moreira Bastos

Adolescência
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A adolescência costuma ser lembrada como uma fase de descobertas, intensidade e transformações. Mas, por trás dessa imagem vibrante, há também perdas e dores que nem sempre são visíveis. Crescer implica deixar para trás partes da infância, abrir mão de antigas certezas e se deparar com o desconhecido. É um momento em que o corpo muda, os sentimentos se misturam e o mundo parece exigir respostas rápidas — mesmo quando o adolescente ainda nem sabe bem quem é.

 

Viver essa fase é, de certo modo, atravessar uma série de pequenos lutos. Há o luto pelo corpo infantil, que já não responde do mesmo jeito; pelo olhar dos pais, que precisa ser reinventado; e pelo mundo da fantasia, que vai cedendo espaço à realidade. Essas perdas não são necessariamente ruins — fazem parte do amadurecimento —, mas trazem desconforto. É comum que o adolescente se sinta perdido, confuso, irritado ou triste sem entender muito bem o porquê.

Nesse turbilhão, a psicanálise ajuda a olhar para a adolescência não apenas como uma fase de transição, mas como um momento em que o sujeito precisa reconstruir sua forma de existir. O adolescente busca um lugar no mundo, tenta entender seus desejos e, ao mesmo tempo, se distancia das referências familiares que antes o sustentavam. É como se precisasse aprender a andar com as próprias pernas, ainda que tropeçando.

 

A relação com os pais também muda. O que antes era vínculo de dependência se transforma em confronto e questionamento. Esse afastamento, por mais difícil que seja, é um passo importante na construção da autonomia. Ele permite que o adolescente comece a reconhecer suas próprias ideias, vontades e limites. Porém, esse movimento nem sempre é tranquilo — para os pais, pode ser doloroso ver o filho se afastar; para o adolescente, é angustiante perceber que crescer significa, de alguma forma, perder um pouco do amparo.

 

Outro aspecto importante é que o mundo atual apresenta desafios inéditos para essa fase da vida. A exposição constante nas redes sociais, a pressão por desempenho e a busca por pertencimento fazem com que o adolescente viva um conflito entre ser quem é e o que acredita que precisa ser para ser aceito. Muitas vezes, o ideal de perfeição que circula nas mídias intensifica inseguranças e sentimentos de inadequação.

 

Na escuta psicanalítica, o que se busca é abrir espaço para que o adolescente possa falar — e ser ouvido — sem julgamento. A fala é o caminho pelo qual ele pode começar a compreender suas angústias e nomear aquilo que sente. Quando encontra um espaço de escuta, o sofrimento que parecia sem sentido pode se transformar em descoberta, e o caos interno pode dar lugar a um sentimento de maior coerência consigo mesmo.

 

O papel do analista, nesse contexto, é o de acolher sem impor respostas prontas. É permitir que o adolescente vá encontrando, aos poucos, o seu próprio modo de lidar com as perdas e transformações que o atravessam. Assim, o que antes parecia apenas confusão pode se tornar um processo de construção — um caminho para se aproximar da própria singularidade.

 

Crescer dói, mas também é a chance de se reinventar. Entre lutos e descobertas, o adolescente aprende que perder algumas referências é parte essencial de se tornar quem se é. A psicoterapia pode ser um espaço seguro para que essa travessia aconteça com mais escuta, cuidado e sentido — não para evitar as dores do crescer, mas para aprender a viver com elas de um modo mais verdadeiro.

 

 

 

 

 

Geovanna Moreira Bastos | Psicóloga e psicanalista - CRP 01/30116Meu perfil no Terappia: www.terappia.com.br/psi/Geovanna-Moreira-Bastos

 

 

#terapia #psicologia #psicoterapia #sintoma

 

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