A gente costuma achar que tudo começa no pensamento. Que primeiro vem a ideia, depois a emoção e só então o corpo reage. Mas, na prática, é o corpo que nos entrega a verdade antes de qualquer raciocínio. Ele avisa quando algo está demais, quando estamos sobrecarregados, quando ultrapassamos nossos limites.

O problema é que fomos treinados para ignorar esses sinais. Engolir o choro, seguir firme, tomar um café e continuar como se o corpo fosse apenas um suporte, nunca o mensageiro. Só que é ele quem acusa primeiro: o ombro que trava, o estômago que embrulha, a respiração curta, o aperto no peito sem explicação.

Em terapia, é comum alguém dizer “nem sei porque estou assim”. E, aos poucos, vamos percebendo que o corpo já estava mostrando tudo há semanas. Fadiga emocional aparece como cansaço físico. Ansiedade vira tensão muscular. Tristeza profunda se esconde em dores inexplicáveis. O corpo sempre tenta proteger, mas faz isso da maneira que consegue.

Um exemplo simples: você pensa que está “de boa” com um conflito, mas toda vez que a pessoa aparece, seu coração acelera. Ou diz para si mesmo que “está tudo bem no trabalho”, mas passa o domingo inteiro com dor de cabeça. O corpo não mente. Ele só repete o que você não nomeou ainda.

Ouvir esses sinais não é frescura. É uma forma de respeito. É dizer para si mesmo que você merece perceber antes de desmoronar. Que o corpo não é inimigo nem obstáculo, mas parte da conversa.

Se você prestar atenção, vai descobrir que o corpo sempre fala mais cedo. E quase sempre fala mais claro também.