
Essa é uma pergunta que sempre me fazem. Querem saber se eu estou entre as pessoas que falam que todo mundo deveria fazer terapia.
Primeiro, vale dizer que um dos objetivos gerais de uma psicoterapia é que o paciente tenha autonomia. Muitos de nós vivemos seguindo regras que em algum momento da vida aprendemos. Regras da sociedade, da família, da igreja e, muitas vezes, auto-regras. Seguimos essas normas quase automaticamente, sem refletir a respeito. Algumas delas tiveram algum sentido em determinado momento da vida, mas hoje talvez elas estejam atrapalhando e nem nos damos conta disso.
Buscar autonomia na terapia significa ajudar o paciente a fazer suas escolhas e responder por elas. Assim, se eu disser que todo mundo tem que fazer terapia, eu estaria agindo contra esse princípio da autonomia.
No entanto, você já parou para pensar quantas dores, desentendimentos, sofrimentos seriam evitados se lá no passado algumas pessoas com quem vivemos tivessem feito terapia? Pode ser um relacionamento que acabou porque não houve compreensão do pensamento do outro, ou o contrário, alguém que passou anos insistindo em uma relação tóxica por não encontrar forças para sair dela. Basta olhar ao redor que a gente vê várias situações que poderiam ter sido diferentes se houvesse mais clareza sobre valores e comprensão do contexto e das pessoas inderidas nele.
A Terapia ACT tem como objetivo amplo ajudar as pessoas a verem o que realmente é valoroso para si e a ter compromisso com esses valores. Essa busca se dá em passos graduais, mobilizando alguns processos como desfusão cognitiva, aceitação, atenção flexível (contato com o momento presente), self como contexto, valores e compromisso com esses valores.
Então, todo mundo deve fazer terapia? Não, mas aqueles que a buscam, desenvolvem uma espécie de visão de raio-x para compreender seu contexto atual, as habilidades e pesos desnecessários que trazem consigo e, finalmente, uma direção a escolher para ter uma vida consonante com seus valores.






