O vício em redes sociais pode ser compreendido como uma forma de busca por satisfação imediata e uma tentativa de lidar com angústias e vazios existenciais. Não se trata apenas de uma "má utilização" da tecnologia, mas de um sintoma de conflitos internos.

Alguns pontos chave dessa compreensão são:

Busca por reconhecimento e validação: As redes sociais oferecem um palco onde o sujeito pode exibir uma versão idealizada de si mesmo, buscando "curtidas" e comentários que funcionam como uma espécie de "recompensa" imediata. Essa necessidade de validação externa pode estar ligada a questões de narcisismo e baixa autoestima, onde o valor do indivíduo passa a ser medido pela aprovação dos outros.

Fuga da realidade e dos conflitos internos: O uso excessivo das redes pode ser uma forma de evasão, um refúgio para escapar de sentimentos de angústia, tristeza, solidão ou frustrações da vida real. O mundo virtual oferece uma ilusão de controle e satisfação, permitindo que o sujeito se desconecte de problemas que não consegue enfrentar.

Medo de ficar de fora (FOMO - Fear of Missing Out):A constante exposição à vida "perfeita" dos outros pode gerar ansiedade e a sensação de que se está perdendo algo importante. Esse medo impulsiona a necessidade de estar sempre conectado, verificando as atualizações, o que reforça o ciclo vicioso.

Idealização do eu e a construção de personas: As redes sociais permitem a criação de uma identidade digital que nem sempre corresponde à identidade "real". Essa persona pode ser uma projeção dos desejos e aspirações do sujeito, mas também pode levar a uma fragmentação do eu e a um distanciamento da própria subjetividade.

Ciclo de recompensa: A liberação de dopamina no cérebro a cada notificação, curtida ou compartilhamento cria um ciclo de recompensa que pode levar à compulsão e à dependência, de forma semelhante a outros vícios.

A identidade digital sob o olhar psicanalítico

A psicanálise entende que a identidade não é algo fixo e monolítico, mas um processo contínuo de construção e reconstrução, influenciado pelas relações com o Outro e pelo inconsciente. No contexto digital, essa construção se torna ainda mais complexa:

Estágio do Espelho e a imagem idealizada: A teoria do Estágio do Espelho de Lacan, que descreve a formação do eu a partir do reconhecimento da imagem no espelho, pode ser aplicada à dinâmica das redes sociais. O sujeito se vê refletido nas reações e feedbacks dos outros, buscando construir uma imagem idealizada de si mesmo para obter aceitação.

Identificação e alienação: Nas redes, o sujeito pode se identificar com padrões e estilos de vida exibidos por outros, buscando mimetizá-los. No entanto, essa busca por identificação externa pode levar a uma alienação do próprio desejo, fazendo com que o indivíduo se afaste de sua singularidade.

Apresentação versus autenticidade: A identidade digital muitas vezes é uma performance, uma curadoria cuidadosa de aspectos da vida que se deseja mostrar. Isso pode gerar uma distância entre a identidade apresentada online e a experiência subjetiva offline, causando desconforto e um sentimento de inautenticidade.

Desamparo e busca por pertencimento: Em uma sociedade que muitos psicanalistas descrevem como "líquida" ou "desamparada", as redes sociais podem oferecer uma ilusão de pertencimento e conexão, preenchendo um vazio que deveria ser endereçado por relações mais profundas.

É preciso buscar terapia?

Sim, buscar terapia é altamente recomendável se o uso das redes sociais e a construção da sua identidade digital estão causando sofrimento, prejuízos significativos ou um impacto negativo na sua vida.

Alguns sinais de que pode ser o momento de procurar ajuda profissional incluem:

Uso excessivo e incontrolável: Passar a maior parte do tempo online, mesmo quando deveria estar fazendo outras atividades.

Prejuízos em outras áreas da vida: Afetar o sono, o rendimento acadêmico ou profissional, os relacionamentos interpessoais, a saúde física e mental.

Sentimentos negativos: Ansiedade, depressão, baixa autoestima, solidão, irritabilidade, frustração ou vazio relacionados ao uso das redes.

Fuga da realidade:Utilizar as redes sociais como o principal mecanismo para evitar problemas ou emoções difíceis.

Dificuldade em desconectar: Sentir-se inquieto ou ansioso quando não está online.

Comparação constante: Comparar-se negativamente com outras pessoas nas redes, o que gera sofrimento.

A psicanálise, nesse contexto, pode ajudar o indivíduo a:

Compreender as causas inconscientes do vício e da busca por validação nas redes.

Trabalhar as angústias e conflitos internos que são projetados no ambiente digital.

Fortalecer a identidade e a autoestima, tornando-o menos dependente da aprovação externa.

Desenvolver novas formas de lidar com a realidade e com as frustrações da vida.

Distinguir a persona digital da identidade singular, permitindo uma relação mais autêntica consigo mesmo e com os outros.

Você se identificou com algum desses pontos? Se sim, a terapia pode ser um caminho valioso para explorar essas questões e encontrar um equilíbrio mais saudável com o mundo digital.

Enfim…

Se você chegou até aqui, é provável que esteja buscando apoio, compreensão ou, quem sabe, um caminho para lidar com desafios que parecem grandes demais. Quero que saiba que você não está sozinho(a) nessa jornada. A terapia é um presente que você pode se dar: um espaço seguro, acolhedor e totalmente seu, onde podemos explorar juntos o que te aflige e o que te move.

Meu objetivo é oferecer um ambiente onde você se sinta à vontade para expressar seus pensamentos e emoções sem julgamento. Através do diálogo e de técnicas terapêuticas, vamos trabalhar lado a lado para entender suas dificuldades, desenvolver novas perspectivas e construir ferramentas que te ajudarão a viver uma vida mais plena e significativa.

Acredito que todos nós temos a capacidade de crescer e superar obstáculos, e a terapia é um caminho poderoso para despertar essa força interior. Seja para lidar com ansiedade, estresse, questões de relacionamento, autoconhecimento ou qualquer outra demanda, estou aqui para te guiar nesse processo de transformação.

Que tal começarmos essa jornada juntos? Ficarei feliz em agendar uma primeira conversa para que possamos nos conhecer e entender como a terapia pode te ajudar.

Estou à disposição para qualquer dúvida, é só falar comigo pelo WhatsApp.

(85) 9 8883-6380.

Um abraço,

Rachel Marinho Aquino Cavalcanti.

CRP 11/08064.