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Roberto Melo

Roberto Melo

28 feb 2024

Sobre Ciúmes

Ciúme

O ciúme é definido no dicionário como sentimento de tristeza ou raiva de imaginar que a pessoa que amamos pode estar relacionando com outra, porém, em realidade podemos sentir ciúmes de imaginar ou saber que a pessoa conversou com outra, sorriu para outra, pensa em outra ou seja, tudo que acreditávamos (narcisicamente) ser exclusividade nossa. É provável que todas as pessoas sintam ciúmes, apesar de algumas negarem isto.

Freud afirma que existem três formas de ciúmes: o normal, o projetado e o delirante. No ciúmes normal, a pessoa sofre com a perda ou ameaça do objeto de amor, pela ofensa narcísica (como ela/e não vê que sou tão bom), sentimentos hostis ao rival e a culpa, mesmo sendo normal, ele não é racional e está enraizado aos relacionamentos infantis com os pais, o ciúme projetado, no qual, a pessoa possui seu desejo a traição, porém, projeta este desejo no seu cônjuge e no delirante, a pessoa possui desejos homossexuais recalcado e para não lidar com eles, cria formula: “eu não o/a amo, ela/e que o ama”.

Holzhey-Kunz retoma Sartre, para mostrar o aspecto ontológico do ciúme, aquele inerente a condição humana, para além de uma construção psíquica. Para Sartre, amar é querer ser amado e quando somos amados é como nossa existência fosse fundamentada, temos agora o motivo para existir, como se nossa existência estivesse completa. Quem não tem aquela sensação de potência quando se é amado por quem se ama?

Porém, ocorre que, somos fundamentalmente livres e temos que lidar com a liberdade do outro, não podemos dominar essa liberdade do outro, temos que lidar que esse ser que amamos é livre e a qualquer momento, por qualquer motivo, pode deixar de nos amar e amar outra pessoa. Ou seja, nunca podemos ter uma segurança absoluta na permanência do amor do outro (o que não significa que não existe diferentes níveis de segurança nos relacionamentos).

Por isso, o ciumento se torna aquele que quer controlar o outro, que quer tomar sua liberdade e qualquer um que queira se relacionar de maneira “saudável”, tem que sustentar essa insegurança em relação a liberdade do outro. Os pontos de vista de Sartre e Freud, me parecem mais complementares do que antagônicos.

 

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