Cresci boa parte da minha vida escutando essa frase, seja de amigos, na televisão, de tios e, é claro, dos meus pais, o que dava a entender que há muitas coisas que não são ditas porque são óbvias!

Desde sempre percebi o quanto isso era injusto, porque criava margem para vários desentendimentos e, até mesmo, discussões sem motivo algum! Tudo culpa dessa tal "meia palavra" que não representava em nada o que eu queria dizer.

Por isso, atualmente eu sou totalmente contra esse ditado! Não basta não, meia palavra não expressa o que está dentro de mim e até mesmo durante os atendimentos eu sempre bato na tecla do "conversar é a melhor saída".

Porém não serve qualquer conversa, tem que ser uma conversa livre de julgamentos de ambas as partes.

De acordo com Carl Rogers, o fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, nós precisamos ser autênticos em nossas palavras e ações, e somente assim alcançaremos certa plenitude nas nossas ações.

Por isso, quando vamos conversar com o outro, precisamos dessa autenticidade, que é nada mais do que ser genuíno e transparente tanto com o outro quanto com você mesmo. Buscar facilitar as conversas difíceis eliminando "joguinhos" emocionais (como o tratamento de silêncio ou o famoso "você sabe o que você fez!"), e partir do ponto que se te incomoda o melhor é dizer com todas as letras.

É claro, também é importante aceitar o outro, ou seja, não adianta soltar os cachorros e não querer escutar, por isso deixe o outro expor o que incomoda e use esse momento de conversa para refletir as suas ações e identificar pontos que possam ser melhorados.

E, por último, compreenda seus sentimentos. Eu sei, às vezes é muito difícil se abrir de imediato, afinal ainda existem muitos medos, o medo da outra pessoa deixar de gostar da gente, de criar conflito maior sem necessidade, mas é muito improvável que alguém que goste de você (gostar de verdade, tanto das suas qualidades, quanto dos seus defeitos) vá deixar de gostar quando você expor algo que não está te fazendo bem no relacionamento.

Antes de iniciar a conversa é importante que você dê espaço para o outro e para você, tire um tempo para se acalmar e até mesmo para pensar nos seus sentimentos e no que você gostaria de falar para o outro.

E o mais importante é: aprenda seus limites!!

Saber quando acabar é crucial, se o outro não te escuta, não te acolhe ou não atende suas frustrações é preciso avaliar esse relacionamento, vale a pena continuar? É preciso saber o que e como falar, mas o mais importante, é preciso saber quando falar não adianta mais.

Definitivamente a mudança não vem do dia para a noite, mas o autoconhecimento é o melhor caminho, quando nos conhecemos passamos a nos respeitar e certos joguinhos emocionais não colam mais, não é qualquer meia palavra que nos sacia.