
O amor e o ódio são dois afetos intensos ligados um ao outro. Quando o sujeito ama ou odeia alguém, ele projeta sentimentos, desejos e pensamentos em relação a essa pessoa. Ao se conectar com alguém, o sujeito se torna vulnerável a essa pessoa, e essa pessoa também se torna vulnerável a ele. Ao mesmo tempo que desejar alguém é conectar-se, ser reconhecido e reconhecer; desejar alguém também implica uma relação de aposta com o outro, que ora pode gerar sentimentos e experiências positivas, ora pode trazer experiências negativas. Se relacionar com o outro é deixar de lado o controle (ou a ilusão dele).
E quando o indivíduo não quer se tornar vulnerável nas relações? O contrário do amor não é o ódio, como muitos pensam. O contrário do amor é a indiferença. Hoje vivemos uma cultura da indiferença, mas o que isso quer dizer? A geração Z vem sendo classificada em pesquisas como a geração que menos se engaja em atividades sexuais. Essa geração tem vivido muito menos experiências amorosas e sociais profundas em comparação com as anteriores. Segundo a OMS, uma em cada seis pessoas no mundo se considera sozinha. Estamos vivendo uma pandemia da solidão.
A indiferença se baseia na falta de relacionamento com o outro, pois, quando sou indiferente a ele, eu não o reconheço; e quando o outro é indiferente a mim, eu não sou reconhecido. Há diversos fatores culturais e sociais que reforçam a indiferença, sendo um deles a vida digital. Com a vida digital, aprendemos que podemos descarregar o desejo sexual assistindo a vídeos eróticos, sem precisar nos relacionar com o outro. Se sentimos necessidade de conversar, podemos entrar no ChatGPT e trocar mensagens, em vez de manter um relacionamento social com uma pessoa real. Em vez de procurar um amigo para saber as novidades da sua vida, basta abrir o Instagram e olhar suas últimas postagens. A ilusão de que não precisamos do outro para sobreviver, evitando nos tornar vulneráveis a alguém, é um sintoma da sociedade da indiferença.
Geovanna Moreira Bastos - CRP 01/30116
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