
Na psicanálise, o amor é compreendido como algo que vai além do sentimento imediato. Ele está entrelaçado com nossas primeiras experiências de cuidado, desejo e reconhecimento. Desde cedo, aprendemos a nos perceber a partir do olhar do outro — é nele que encontramos confirmação de quem somos e de quem podemos vir a ser.
Por isso, amar quem nos admira ganha um significado especial: a admiração funciona como um espelho simbólico que devolve nossa imagem com valor e sentido. Quando o outro nos reconhece, nosso próprio eu se fortalece. Freud já apontava que o amor é sustentado pelo desejo de ser amado e pelo desejo de amar; Lacan, por sua vez, nos lembra que amamos onde desejamos ser amados e onde nos sentimos significativos.
A admiração, nesse contexto, não é vaidade: é sustentação psíquica. É o que nos protege de relações em que o amor se confunde com dependência ou desvalorização. Ela marca o espaço da alteridade, o reconhecimento de que o outro é um sujeito inteiro, com quem podemos compartilhar, e não apenas ocupar um vazio.
Assim, na visão psicanalítica, amar quem nos admira é também um caminho de reencontro com nós mesmos. É viver um vínculo em que o amor não diminui, mas amplia — porque, ao sermos vistos e valorizados, podemos amar de forma mais livre, madura e verdadeira.





