Às vezes, o que mais assusta não é o que a gente sente,
mas o que ainda não teve coragem de sentir.
Tem dias em que eu me pego com medo de parar —
porque no silêncio, as coisas que evitei olhar começam a sussurrar meu nome.
E eu fico ali, entre o impulso de seguir em frente e o desejo de finalmente respirar.

A gente se acostuma a correr.
Como se o movimento distraísse o coração do que dói.
Mas percebo, cada vez mais, que o medo não é um inimigo.
Ele é só um sinal.
Um pedido de cuidado, não de julgamento.

O verdadeiro autocuidado, percebo, não é sobre estar sempre em paz.
É sobre continuar se olhando, mesmo quando o olhar ainda treme.
É sobre ficar presente, mesmo quando tudo dentro de mim parece desorganizado.
E aceitar que estar inteira não significa estar sempre tranquila —
às vezes, é só estar disponível pra se escutar,
mesmo quando a escuta dói um pouco.

Talvez seja isso crescer:
não correr do que sentimos,
mas aprender a caminhar junto com o que ainda assusta.
Com ternura, com respeito, com amor.
Porque, no fim, é nesse movimento silencioso que a vida volta a caber em nósCarta: Quando o medo é de olhar pra dentro