A co-dependência é uma ferida de origem relacional, que nasce da carência de vínculos saudáveis e se perpetua como uma forma de tentar controlar a dor de não ser vista, amada ou validada. Ou mesmo como forma de evitar o desamor e rupturas nas relações.

Enquanto na dependência eu me apoio em algo/alguém como se fosse meu “suporte de vida”, na co-dependência eu me perco no papel de “suporte do outro”:

• "Eu me sinto responsável pelas emoções, problemas e bem-estar do outro."
• "Eu me anulo pra manter o outro bem."
• "O valor que eu sinto em mim depende de como eu sou útil ou necessária para esse outro."

Na Gestalt, a co-dependência é vista como um modo de se relacionar onde uma pessoa se apaga na tentativa de garantir vínculo com um outro. A pessoa co-dependente costuma se perder no campo da relação: vive em função do outro, tenta adivinhar necessidades, se antecipa, se anula.

Em vez de limites claros, há dificuldade de dizer “não”, de sentir a própria necessidade, de sustentar diferenças. O cuidado, o desejo, a dor do outro estão em primeiro plano, enquanto suas próprias necessidades ficam apagadas.

Lares instáveis, situações reais ou ameaças de abandono, perdas, inversão de papéis (filhos que cuidam dos pais), negligência, entre outras experiências dolorosas, podem explicar tal fenômeno. Cuidar dessa ferida é fundamental pra construir relações mais recíprocas em qualquer área da vida, sem se tornar refém do cuidado com o outro.

- Caminhos de cura:

• Tomar consciência dos próprios padrões de contato.
• Resgatar seus desejos, necessidades genuínas e experimentar colocá-las na relação.
• Aprender a sustentar frustrações e diferenças sem desmoronar.
• Reconstruir fronteiras saudáveis/limites mais definidos nas relações: “eu sou eu, você é você”.

- Perguntas potentes:

• Como você se organiza aqui e agora nas suas relações? Como sente, age, reage?
• O que acontece com seu corpo quando pensa em dizer “não”?
• Se pudesse escolher, sem culpa, o que faria diferente nessa relação?
• O que você espera que o outro faça por você que você mesma não faz?
• Quando o outro está mal, o que desperta em você: vontade de ajudar genuína ou medo de perder o vínculo?

Esse padrão pode aparecer na sua vida pessoal e profissional.

Saber se diferenciar do outro e sustentar limites te permite viver com mais paz, prazer e inteireza!

Se algo em você se reconheceu nesse texto, talvez seja hora de olhar pra isso com mais cuidado e carinho. A terapia pode ser o começo de um novo relacionamento consigo mesma e uma nova forma de olhar pra você!

Natália Jordão - CRP 03/11240

Psicóloga e Gestalt-terapeuta

Psicoterapia online especializada em Mulheres