Você já se pegou duvidando da sua própria memória ou interpretação de uma conversa virtual? Já ouviu frases como “Você entendeu errado” ou “Nunca falei isso”, mesmo com registros ali na tela? Pode ser que você esteja vivendo o que chamamos de gaslighting digital.

O que é Gaslighting?

Gaslighting é uma forma de abuso psicológico em que uma pessoa manipula a outra para que ela duvide da própria percepção da realidade, da memória ou da sanidade. O termo vem de uma peça dos anos 1930 chamadaGas Light, em que um homem manipula objetos e nega mudanças visíveis para convencer sua esposa de que ela está enlouquecendo.

Tradicionalmente associado a relacionamentos abusivos, o gaslighting agora ganhou novas formas — adaptadas ao mundo digital.

Gaslighting Digital: Quando a Manipulação Vai para a Tela

No ambiente virtual, o gaslighting pode ser ainda mais sutil e difícil de identificar. Algumas formas comuns incluem:

Apagar mensagens e negar que algo foi dito: “Você está inventando isso, nunca escrevi aquilo.”

Reinterpretar conversas para distorcer os fatos: “Você entendeu tudo errado, eu só estava brincando.”

Usar prints ou trechos fora de contexto para manipular a narrativa.

Comparar você a outras pessoas online para desvalorizar sua percepção ou sentimentos.

Fingir normalidade nas redes sociais enquanto, nos bastidores, existe abuso e manipulação.

Essas estratégias criam confusão, culpa e insegurança. A pessoa começa a duvidar de si mesma, mesmo diante de evidências.

Por que é tão perigoso?

O gaslighting digital mina a confiança interna. Ele afeta a autoestima, causa ansiedade, sensação de isolamento e até sintomas depressivos. Além disso, como as interações digitais costumam deixar registros, a vítima pode se sentir ainda mais confusa ao ser manipulada mesmo diante de provas.

Essa dinâmica é especialmente nociva em relacionamentos íntimos ou familiares, mas também pode ocorrer entre amigos, colegas de trabalho ou em comunidades online.

Como identificar sinais de Gaslighting Digital?

Se você vive situações em que:

Está sempre se desculpando, mesmo sem entender o motivo;

Sente que precisa revisar conversas para saber se realmente “leu certo”;

É acusada de ser “sensível demais” ou “paranoica” com frequência;

Duvida da própria memória em discussões virtuais;

Sente-se emocionalmente exausta depois de interações online com uma pessoa específica...

...então vale acender o alerta.

O que fazer diante disso?

Confie na sua intuição: Se algo parece errado, vale investigar com mais atenção.

Guarde registros: Salvar conversas pode ajudar a ter clareza quando a dúvida surgir.

Busque apoio: Conversar com pessoas de confiança ou um(a) terapeuta pode trazer lucidez e acolhimento.

Estabeleça limites: Nem toda pessoa merece acesso direto ao seu emocional.

Desconecte-se do que te faz mal: O botão de “bloquear” e “silenciar” também é autocuidado.

Conclusão: Sua percepção é válida

Em tempos digitais, nossa mente pode ser o maior alvo de manipulação — mas também é nossa maior aliada. Validar o que você sente, se escutar com respeito e buscar ajuda especializada são passos fundamentais para quebrar o ciclo de abuso emocional.

Você não está sozinha. Há caminhos de reconstrução, e a psicoterapia pode ser um espaço seguro para isso.