
É comum termos dificuldade em nos desfazer de alguns pertences. Às vezes guardamos roupas por apego, lembranças da infância, ou aquela caixa de coisas “que um dia podem ser úteis”. No entanto, quando o acúmulo se torna excessivo a ponto de prejudicar o bem-estar, a convivência familiar ou até a segurança do ambiente, podemos estar diante de um transtorno de saúde mental: oTranstorno de Acumulação.
O que é o Transtorno de Acumulação?
De acordo com oDSM-5-TR, o Transtorno de Acumulação é caracterizado por umadificuldade persistente em descartar ou se desfazer de objetos, independentemente do valor real que eles têm. Essa dificuldade está ligada a um sofrimento intenso com a ideia de jogar algo fora, acompanhada da crença de que esses itens podem ser úteis no futuro ou têm valor sentimental inestimável.
Com o tempo, a casa pode se encher de coisas a ponto de dificultar a circulação, prejudicar a higiene do ambiente e tornar tarefas simples, como sentar à mesa ou dormir na cama, quase impossíveis.
Quais são os principais sintomas?
*Acúmulo excessivo de objetos, mesmo sem utilidade clara
*Dificuldade intensa ou sofrimento ao tentar se desfazer de algo
*Ambientes desorganizados, tomados por pertences acumulados
*Dano no funcionamento social, familiar ou ocupacional
*Justificativas frequentes como “um dia posso precisar disso” ou “isso tem valor emocional”
Acumular é o mesmo que colecionar?
Não. A diferença principal está no controle e na funcionalidade. Quem coleciona geralmente mantém os objetos organizados, com propósito claro, e sem prejuízos à rotina. Já quem sofre com o transtorno de acumulação perde o controle sobre o volume de coisas guardadas e sofre prejuízos emocionais, físicos e sociais por causa disso.
O acúmulo está ligado a outros transtornos?
Muitas vezes, sim. O transtorno de acumulação pode estar associado a:
*Transtornos de ansiedade
*Depressão
*TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo)
*Transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH
*Luto complicado, principalmente quando o acúmulo começa após uma perda significativa
Por que é tão difícil jogar fora?
Para quem sofre com esse transtorno, o valor emocional e simbólico dos objetos é muito intenso. Jogar algo fora pode trazer sensação de culpa, ansiedade ou até pânico. Além disso, muitos têm uma percepção distorcida de utilidade: acreditam que qualquer item, mesmo quebrado ou inútil, pode ser reaproveitado um dia.
Como é o tratamento?
A boa notícia é que o Transtorno de Acumulação tem tratamento. O mais indicado é:
Psicoterapia
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) ajuda a entender os pensamentos que sustentam o acúmulo e a desenvolver estratégias para tomar decisões mais funcionais sobre o que manter e o que descartar.
Medicação
Em alguns casos, medicamentos antidepressivos podem ser prescritos para reduzir a ansiedade ou depressão associadas.
Organização gradual
Com acompanhamento profissional (e não imposições), o processo de reorganizar o ambiente pode ser feito aos poucos, respeitando os limites da pessoa.
E se alguém próximo estiver passando por isso?
*Evite julgamentos ou ações forçadas, como jogar coisas fora sem consentimento. Isso pode piorar o quadro e a relação. Em vez disso:
*Converse com empatia
*Demonstre preocupação com o bem-estar, e não com a bagunça
*Ofereça apoio para procurar ajuda profissional
*Informe-se sobre o transtorno
Acumular demais não é apenas uma questão de desorganização ou preguiça — pode ser um sinal de sofrimento emocional e precisa ser levado a sério. Com apoio adequado, é possível reconstruir uma relação mais saudável com os objetos, com o espaço ao redor e, principalmente, com a própria vida.
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