
Nos corredores silenciosos da Ópera de Paris, onde cada nota ecoa como sussurro de memórias esquecidas, habita um homem cuja vida parece confinada à sombra de sua própria dor. O Fantasma, envolto em máscaras e corredores escuros, não se esconde apenas do mundo — esconde-se de si mesmo. Por trás de sua aparência deformada e de seus gestos intensos, pulsa um desejo universal: ser amado e reconhecido.
Na psicanálise, compreendemos que a autoestima é mais do que autoconfiança; ela nasce do reconhecimento das próprias feridas e da aceitação das imperfeições que carregamos. O Fantasma projeta em Cristina não apenas desejo, mas também a esperança de ver refletido no outro aquilo que não consegue enxergar em si mesmo: valor, beleza e merecimento de afeto.
Cada gesto de possessão, cada melodia que ressoa pelos salões da ópera, revela o conflito entre amor e rejeição, desejo e medo, um jogo inconsciente que transforma o amor em obsessão quando a autoestima está ferida. Sua máscara, fria e implacável, é a metáfora de um eu fragmentado: protege e esconde, mas também denuncia o medo profundo de não ser suficiente.
O Fantasma nos lembra que o amor que buscamos nos outros é, antes de tudo, um reflexo da relação que temos conosco. É na coragem de olhar para nossas sombras, de reconhecer nossas cicatrizes, que nasce a possibilidade de encontrar afeto genuíno, sem máscaras, sem projeções, sem ilusões.
Entre música, sombras e silêncio, aprendemos que a autoestima é coragem de existir plenamente, de sentir, de se mostrar ao mundo com todas as feridas e imperfeições. O Fantasma da Ópera não é apenas uma história de amor trágico; é um lembrete de que somos todos merecedores de amor, mas que, antes de tudo, precisamos encontrar esse amor dentro de nós mesmos.





