
O conceito de inconsciente, ainda é uma das ideias mais influentes e intrigantes da psicanálise, porém sua assimilação na cultura, trouxe um entendimento pouco prático e longe do que propunha a teoria. Este texto tem a intenção de elucidar certos pontos e de alguma forma explicar como o Inconsciente se mostra dentro do processo clínico.
Para Freud, o inconsciente era a parte da mente que continha pensamentos, sentimentos e desejos reprimidos, muitas vezes de natureza sexual ou agressiva. Esses conteúdos podem ser reprimidos devido a conflitos internos ou inaceitabilidade social e podiam emergir de maneiras sutis, como lapsos de língua, sonhos simbólicos ou atos falhos, revelando-se como pistas para a compreensão dos conflitos psicológicos do indivíduo.
Já Lacan construiu outra perspectiva, baseando-se em Freud, mas também assumindo outras influências de filósofos, linguistas, antropólogos e até mesmo do movimento surrealista para desenvolver sua teoria do inconsciente. Para ele, o inconsciente era estruturado como uma linguagem, cheio de significados e símbolos. Introduziu o conceito de "o Outro" como uma representação simbólica da cultura e da sociedade que molda nossos desejos e identidade. Assim, o inconsciente como teorizado por Lacan torna-se um “espaço” complexo onde a linguagem e o simbolismo desempenham papel central.
Além de sua influência sobre o comportamento cotidiano, o inconsciente também desempenha um papel crucial na clínica psicanalítica ao contribuir para a construção de novos sentidos e na busca por soluções terapêuticas. Tanto para Freud quanto para Lacan, o inconsciente é um espaço onde experiências traumáticas e conteúdos reprimidos residem, muitas vezes obscurecendo a compreensão do indivíduo sobre si mesmo e suas dificuldades. O processo terapêutico envolve a exploração desses conteúdos. O analista ajuda o paciente a acessar e trazer à consciência aspectos anteriormente desconhecidos ou reprimidos de sua psique.
Isso pode incluir traumas passados, conflitos não resolvidos ou padrões de pensamento e comportamento que estão causando sofrimento. À medida que esses conteúdos são trazidos à tona e trabalhados, o paciente pode começar a dar novo significado a suas experiências e emoções.
A construção de novos sentidos é fundamental para a cura dentro da psicanálise. Ao reconhecer e compreender seus desejos inconscientes e os efeitos da cultura e da sociedade, o indivíduo, a partir daí,acessa uma maior clareza em relação às suas motivações e escolhas. Isso pode permitir a ressignificação de traumas passados, a adaptação de comportamentos disfuncionais e a promoção de um maior autoconhecimento e crescimento pessoal.
Para finalizar, penso que alguns exemplos de como o Inconsciente se apresenta no dia-a-dia, podem ajudar a reconhecer e repensar certas dificuldades corriqueiras.
Lapsos de Língua: Quando alguém diz algo inesperado ou engraçado por engano, isso pode ser um exemplo de como o inconsciente se expressa. Freud, em sua teoria, chamou isso de ato falho, sugerindo que nossas palavras revelam pensamentos não intencionais.
Sonhos: Os sonhos são uma espécie de estrada para o inconsciente. Eles muitas vezes apresentam imagens e histórias simbólicas que refletem nossos desejos, medos e preocupações.
Comportamentos Repetitivos: Pessoas muitas vezes repetem padrões de comportamento que não são conscientemente escolhidos. Isso pode incluir escolher parceiros românticos semelhantes ou entrar em situações problemáticas repetidamente, refletindo impulsos inconscientes.
Esquecimentos Seletivos: Quando esquecemos algo importante, especialmente se estiver relacionado a eventos emocionalmente carregados, pode ser um indício de que o inconsciente está em cena, bloqueando memórias desconfortáveis ou até mesmo protegendo o sujeito de entrar em contato com emoções e situações mal resolvidas.
Se você acredita que a fala pode ser curativa e se de alguma forma alguns desses exemplos de como o inconsciente pode agir te chamou atenção ou reconheceu algo do seu dia-a-dia, me mande uma mensagem e vamos começar o seu processo? Te espero!
Thiago Rodrigues
Psicólogo - CRP 11/10198
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