
Quem nunca fez um favor que não queria, riu de uma piada sem graça ou disse “sim” quando por dentro gritava “não”? Agradar é humano. O problema é quando isso vira regra, não escolha.
Tem gente que passa a vida inteira funcionando assim: mede palavras para não desagradar, se ajusta ao gosto dos outros, evita conflitos a qualquer custo. Por fora, parece leveza. Por dentro, é exaustão silenciosa.
Pensa numa pessoa que chega do trabalho morta de cansada, mas aceita sair porque “o grupo vai achar chato se eu não for”. Ou alguém que engole opiniões em reuniões porque “é melhor não parecer difícil”. No curto prazo, evita tensão. No longo prazo, coleciona ressentimento, consigo mesmo.
O detalhe cruel é que agradar demais não garante aprovação. Pelo contrário: às vezes gera o oposto. Quem sempre se molda acaba soando “sem opinião”, “sem posição”. É como se, na tentativa de caber em todo lugar, fosse perdendo contorno até não saber mais quem é.
E tem o custo emocional: a sensação de estar sempre em dívida. Como se o afeto do outro fosse algo que precisa ser comprado com esforço. A relação deixa de ser encontro e vira negociação.
Reconhecer isso dói. Porque, no fundo, agradar demais nasceu de um desejo legítimo: ser amado, aceito, pertencente. Só que, em excesso, esse desejo aprisiona. O desafio está em perceber que dizer “não” também é forma de se proteger. Que a aprovação mais cara de todas é a que a gente nunca negocia: a nossa própria.





