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Você já reparou como certos vizinhos estão sempre em grupo, fazendo festa, rindo alto na portaria, e até se envolvendo em brigas ou confusões? Enquanto outros entram e saem do prédio calados, evitam interações desnecessárias e vivem quase invisíveis?
Esse contraste, comum em muitos prédios e bairros, nem sempre é apenas uma questão de gosto pessoal. Na psicologia, podemos compreender esse fenômeno a partir de fatores como nível de escolaridade, tipo de vínculo com a moradia (aluguel ou propriedade), estabilidade social e até padrões comportamentais que têm raízes evolutivas.
Estratégias de vida: agir no agora ou no longo prazo?
Pessoas com menor escolaridade, frequentemente expostas a ambientes sociais mais instáveis, tendem a desenvolver um estilo de vida que valoriza o presente. Isso se traduz em comportamentos mais diretos, relacionamentos grupais intensos e maior tolerância à informalidade e ao barulho.
Na psicologia evolucionista, chamamos isso de uma estratégia de vida rápida: ela é adaptativa em contextos onde o futuro é incerto e onde alianças sociais imediatas são essenciais para sobrevivência e proteção.
Já pessoas com maior escolaridade e estabilidade socioeconômica tendem a adotar uma estratégia de vida mais lenta, mais voltada para o planejamento, autocontrole e investimento em longo prazo. Elas evitam conflitos desnecessários, preferem rotinas previsíveis e prezam pela privacidade e ordem.
Capital cultural e formas distintas de convívio
Essas estratégias não se expressam apenas no quanto as pessoas falam ou no volume das conversas. Elas também se refletem em onde e com quem elas constroem seus vínculos.
Quem é mais reservado ou tem maior formação costuma buscar interação em espaços compatíveis com seus interesses e valores, como círculos de estudos, ambientes de trabalho intelectual, redes sociais segmentadas ou eventos culturais. O silêncio no prédio não significa solidão — muitas vezes, é uma escolha consciente de manter-se à margem de um tipo de convívio que considera invasivo ou agressivo.
Já os moradores mais ruidosos, frequentemente com menos capital cultural formal, formam suas redes no espaço imediato: a portaria, o corredor, a calçada, o bar da esquina. São vínculos fortes, porém muitas vezes marcados por dinâmicas de dominação, competição e afirmação grupal.
Aluguel ou propriedade: pertencimento e poder simbólico
Outro fator que pesa nesse contraste é o tipo de relação com o imóvel. Quem possui o apartamento tende a sentir-se mais seguro, mais pertencente e, por vezes, mais autoritário no uso dos espaços comuns. Já quem aluga, mesmo com maior escolaridade, pode evitar se envolver em conflitos ou disputas internas por não se sentir parte daquele espaço no longo prazo.
Compreender para conviver
Observar essas diferenças com um olhar psicológico não é apenas um exercício de curiosidade. É uma ferramenta para cultivar mais empatia e, ao mesmo tempo, mais discernimento.
Compreender por que certos comportamentos se manifestam nos espaços comuns ajuda a lidar com eles sem julgamento moral simplista — e também a saber quando manter distância saudável de dinâmicas que não fazem bem.
Nem todo mundo quer fazer parte do “bando barulhento” do prédio. E tudo bem. Alguns preferem seus próprios grupos — menos visíveis, mas igualmente ricos em afeto, trocas e pertencimento.
Quer conversar mais sobre como você se sente em relação ao seu ambiente social?
A psicoterapia pode te ajudar a entender seus padrões de convivência, traçar estratégias para manter seu bem-estar e até melhorar suas relações com o ambiente ao redor.
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