A combinação da psicologia com a musicoterapia e a arteterapia em uma visão transdisciplinar oferece um leque de possibilidades ricas e profundas para o tratamento. Essa abordagem não se limita a somar disciplinas, mas a criar uma nova perspectiva de cuidado, onde cada ferramenta potencializa a outra, permitindo um tratamento mais completo e holístico.
O que é a visão transdisciplinar?
Em vez de cada disciplina atuar em seu próprio campo (visão multidisciplinar) ou uma se sobrepor à outra (interdisciplinar), a visão transdisciplinar as integra para criar algo novo e único. Nesse contexto, a psicologia, a música e a arte se fundem, e os limites entre elas desaparecem em prol do bem-estar do paciente.
Boas possibilidades dessa união
A integração da psicologia com a musicoterapia e a arteterapia permite abordar o ser humano em sua totalidade — corpo, mente e emoções — de maneiras que a terapia verbal, por si só, talvez não consiga.
Expressão sem palavras: Muitas vezes, sentimentos complexos, traumas ou medos são difíceis de nomear. A música e a arte oferecem linguagens alternativas. O ritmo de uma canção ou a cor de uma pintura podem expressar o que a boca não consegue dizer. Isso é especialmente útil para crianças, adolescentes, pessoas com dificuldade de comunicação ou em estados de sofrimento profundo.
Acesso a memórias e emoções: A música tem a capacidade de evocar memórias e sentimentos de forma poderosa. Um som, uma melodia, pode abrir portas para o inconsciente, permitindo que o psicoterapeuta e o paciente explorem emoções e experiências passadas. A arteterapia, por sua vez, pode dar forma a essas memórias, tornando-as mais concretas e mais fáceis de serem trabalhadas.
Desenvolvimento de novas habilidades de enfrentamento: O processo criativo, seja fazendo música ou arte, exige foco, tomada de decisão e resolução de problemas. A musicoterapia e a arteterapia, nesse sentido, são práticas ativas que fortalecem a autonomia, a resiliência e a capacidade de lidar com desafios. O paciente não é apenas um receptor, mas um agente ativo em seu próprio processo de cura.
Abordagem integral: Essa visão transdisciplinar permite que o tratamento seja adaptado de forma mais precisa às necessidades de cada paciente. Por exemplo, alguém com transtorno de ansiedade pode começar a sessão com exercícios de respiração e música suave para acalmar o sistema nervoso e, em seguida, usar a arte para externalizar seus medos. A psicoterapia verbal, então, entra para dar sentido e contexto a essas experiências.
Inovação no tratamento: A união dessas disciplinas pode criar novas técnicas e abordagens terapêuticas. Em vez de simplesmente tocar uma música, o terapeuta pode usar a improvisação musical para refletir a dinâmica de um relacionamento, ou utilizar a colagem para criar um "mapa visual" de como o paciente se sente.
Ao integrar a psicologia com a música e a arte, o terapeuta oferece um espaço onde o paciente pode se expressar em múltiplas dimensões, facilitando um processo de cura mais profundo, criativo e significativo.