
Na canção Vienna, Billy Joel nos fala sobre a pressa, essa urgência de viver como se o tempo fosse sempre curto e as conquistas nunca bastassem. Ele nos lembra que “Viena espera por você”. Mas o que seria essa Viena?
A psicanálise nos ajuda a pensar que essa cidade, mais do que um lugar real, pode ser vista como um símbolo: um espaço interno, uma morada onde o sujeito encontra descanso, onde pode finalmente parar e ouvir a si mesmo. Viena representa esse tempo outro, o tempo do inconsciente, que não se mede pelos relógios da sociedade, mas pelo ritmo próprio do desejo.
Vivemos em um mundo que nos convoca a correr. Produzir, alcançar, mostrar resultados. No entanto, esse excesso de movimento muitas vezes mascara um vazio: correr sem saber exatamente para onde, conquistar sem ter clareza do que realmente se busca. O sujeito, tomado por essa urgência, esquece-se de viver e, sobretudo, de se ouvir.
É nesse ponto que a música toca a psicanálise. A análise é justamente o espaço em que se pode suspender a pressa. No silêncio e na escuta, abre-se a possibilidade de encontrar sentido no que parecia apenas angústia. O inconsciente não exige pressa, ele espera — assim como Viena.
Quando Billy Joel canta que Viena está lá, à nossa espera, ele parece nos dizer que não precisamos devorar a vida em um só dia. Podemos nos permitir o intervalo, a pausa, o respiro. É nesse intervalo que nasce a possibilidade de uma vida mais autêntica, menos submetida às exigências externas e mais fiel ao que, de fato, desejamos.
Em tempos de correria, Viena é o lembrete poético de que ainda existe um lugar — dentro de nós mesmos — que nos convida a parar e escutar.





