A relação entre A Restrição e A Compulsão Alimentar

Psi Deise Luma
19 de mar.
2 min de leitura

Há todo um mecanismo de sobrevivência que entra em alerta caso sinta que estamos negligenciando algo que nos é essencial para um bom funcionamento.

A indústria das dietas lucram com a constante insatisfação de pessoas que são, diariamente, bombardeadas com imagens de corpos "ideais". Essa mesma indústria vende um produto que, comprovadamente, é fadado ao fracasso. Todavia, as propagandas que sustentam esse negócio deixam claro que se você não conseguir alcançar o objetivo, a culpa é sua, pois de alguma forma você falhou, não teve força de vontade o suficiente ou, muitas vezes, não adquiriu outros produtos que fingem ser necessários como auxiliadores, em um combo do primeiro ofertado.

Eis que sentimos fome. É básico do ser humano alimentar-se. E eis que estamos vivendo em uma realidade que temos comida disponível, com facilidade e variedade, ao redor, ao mesmo tempo que nosso organismo não acompanhou essa extensa evolução mantendo em si aspectos que nos mantinham vivos em tempos tribais. Ou seja, temos um corpo programado a comer sempre que tiver comida disponível, por ser oriundo de um contexto onde havia escassez de alimento. Agora, com a conteporaneidade, o meio se modifica, em uma grande oferta de comidas hipercalóricas, sem que houvesse tempo para que nós, enquanto espécie, evoluíssemos na mesma rapidez, adaptando-nos a essa nova realidade.

Por um lado temos um corpo com fome, por outro: uma oferta grande de comida. Em contrapartida, temos uma indústria da beleza que nos instiga à magreza como sinônimo de sucesso. Como conciliar tudo isso?

Aquele que não consegue seguir uma dieta restrita é visto como fraco. E aquele que vive lutando contra sua própria natureza, obrigando-se a sentir fome, ora ou outra acabará cedendo aos instintos mais básicos, comendo descontroladamente, na primeira oportunidade. Afinal, apesar de tudo, ainda somos animais e obedecemos leis naturais.

A compulsão alimentar, então, é comprovadamente, um meio que nosso corpo acha de compensar o estresse de uma restrição alimentar constante.