A clínica racializada é entendida como "uma escuta clínica que considera a raça como estruturante das subjetividades. [...] Não é apenas sobre ouvir e se sensibilizar diante de relatos de racismo, embora este seja também um posicionamento importante frente à tradição da psicologia de negar o racismo no setting terapêutico. Promover reconhecimento e acolhimento são ações essenciais, mas não suficientes. Uma escuta que não lança mão da interseccionalidade para acolher a integralidade do sujeito na clínica, mantém o indivíduo em isolamento, sem possibilidade de nomeação." (Fonte: https://www.instagram.com/prapretoler/p/CtxbTQuJV7z/?next=%2Ficecoachonline%2F&ref=9gag&hl=ne&img_index=4)
E você, como é atravessada/o pelo racismo em sua vida? Já parou para refletir sobre a sua autoimagem, a confiança em si e a segurança no mundo, a partir da sua raça/cor?
Quanto a mim, enquanto psicóloga, me proponho a exercer uma clínica em constante (des/re)construção nas questões raciais e suas interfaces interseccionais, gênero/classe/etnia. Acredito que o primeiro passo para exercer uma clínica racializada perpassa o meu reconhecimento enquanto uma mulher branca, que envolve a percepção de minha branquitude e de me permitir lidar com os desconfortos, compreendo que é preciso avançar para além da culpa, abrindo espaço para movimentos de superação e reparação.
Entendendo a constância e dialética desse percurso, percebo que o fazer clínico perpassa o encontro entre duas pessoas, que trazem consigo seus lugares de fala, nem sempre estabelecidos e reconhecidos. A medida que me racializo, é possível tentar oferecer uma escuta à/ao cliente capaz de sustentar as angústias que ela/ele carrega a partir de seus lugares. Uso os verbos tentar/ propor para demarcar que existem limitações inerentes à constituição racial de nossas subjetividades, em que sempre haverão deslizes que precisarão ser superados.
Dentro do setting terapêutico, procuro desconstruir técnicas/abordagens teóricas da psicologia, construídas majoritariamente por homens brancos do norte global, para estar aberta ao universo da/do cliente. A clínica precisa ser inventiva, com espaço para outros conhecimentos além dos acadêmicos, como as formas de autocuidado tradicionais e espirituais, combatendo assim a hiperfragmentação do ser humano em especialidades para adotar uma compreensão biopsicosocioespiritual.
Vamos juntas/os tentar construir uma clínica racializada? Entre em contato!
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