Imagine que a ansiedade fosse uma pessoa. Vamos chamá-la de Beatriz. Beatriz é alguém que você conhece há muito tempo. Ela aparece em sua vida de forma inesperada e constante, sempre com uma expressão preocupada e um tom de voz urgente.
Beatriz bate à sua porta logo pela manhã e, sem esperar um convite, entra dizendo:
"Você tem certeza de que está preparado para sua apresentação hoje? E se algo der errado? E se você cometer um erro e todos perceberem?"
Ela continua, mesmo enquanto você tenta tomar seu café da manhã:
"Tem tanta gente melhor do que eu, que poderia fazer isso..."
No caminho para o trabalho, Beatriz se senta ao seu lado e sussurra:
"E se o chefe perceber que você não é bom o suficiente?"
Ao longo do dia, Beatriz não te deixa em paz. Ela está lá, apontando cada pequeno detalhe que pode dar errado:
"Olha como aquele colega te olhou. Ele deve estar falando mal de você. E aquela mensagem que você enviou? Talvez a pessoa tenha interpretado errado e agora esteja chateada com você."
Beatriz está sempre presente, enfatizando o pior cenário possível, enchendo sua mente de dúvidas e medos. Mas, e se parássemos para realmente ouvir Beatriz e questionar suas palavras?
Vamos reavaliar algumas das coisas que Beatriz diz:
Beatriz: "Você tem certeza de que está preparado para sua apresentação hoje? E se algo der errado? E se você cometer um erro e todos perceberem?"
Você: "Sim. Há uma possibilidade da apresentação não ser boa o suficiente... Mas e se não for? Será o fim do mundo para mim?"
Beatriz: "Tem tanta gente melhor do que eu, que poderia fazer isso..."
Você: "Sim. Obviamente há pessoas melhores. Mas eu realmente preciso ser o melhor entre todos para poder fazer esta apresentação? Eu não ser o melhor significa necessariamente que eu não sou bom o suficiente ou que eu sou 'uma merda'?"
Beatriz: "E se o chefe perceber que você não é bom o suficiente?"
Você: "Infelizmente, não dá para controlar o que as pessoas pensam... Mas vem cá. Quais evidências eu tenho de que ele percebeu ou irá perceber que eu não sou bom?"
A verdade é que, embora Beatriz (sua ansiedade) pareça estar tentando te proteger, muitas das suas preocupações são exageradas e infundadas. Ela pinta um cenário onde o pior sempre acontece, mas a realidade mostra que a maioria dos medos dela nunca se concretiza.
Com o tempo, você pode aprender a ouvir Beatriz com um ouvido crítico e, com cuidado e curiosidade, permitir que os pensamentos e emoções que ela traz venham à sua mente, interpretá-los de uma forma mais adaptável e então deixá-los ir. Afinal de contas, os seus pensamentos não são uma verdade absoluta. Eles são uma interpretação da sua realidade. E como toda interpretação, naturalmente, ela pode estar equivocada.
Assim, você descobre que pode viver com mais tranquilidade, mesmo quando Beatriz está por perto, já que ela não é sua inimiga. Apenas não deixe que ela fale em exagero e atrapalhe as suas principais atividades e momentos dos seus dias
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