Nos deparamos todos os dias com escolhas, sejam elas pequenas como desativar o alarme e dormir um pouco mais ou maiores, como decidir sair de um trabalho e nos arriscarmos em uma nova oportunidade.
Pequena ou grande, escolher uma coisa é abrir mão de outra. Por vezes isso nos traz angustia, ter que abrir mão, nos depararmos com a falta, com a incerteza.
Não se trata de sair escolhendo deliberadamente sem senso algum, sem ponderar, mas poder se tranquilizar com a percepção de que as certezas escapam, a falta se apresenta e o risco está posto. Se não for como o esperado, lidemos com a frustração e seguimos em frente.
Deixo um poema da Cecília Meireles, que nos ajuda a pensar mais sobre escolhas:
Ou isto ou aquilo – Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
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