Vivemos em um contexto sociocultural que pode gerar estresse a todo momento e que muito tem sido atravessado pela lógica do relógio, da pressa, da inconstância, dos dispositivos eletrônicos que permanecem full time ativados aguardando retornos ou posicionamentos, da sobrecarga de tarefas diárias, do trânsito caótico, da competitividade desenfreada, dos desentendimentos familiares, das perdas de pessoas em situações traumáticas, etc. Essas e muitas outras situações podem acarretar irritações, impaciência, dores e sofrimentos variados, isto é, estresse.
Sabemos que a nomenclatura estresse abarca uma variedade de reflexões e aqui destacaremos algumas delas.
Uma das importantes contribuições para a compreensão do estresse cotidiano a fim de minimizar os sofrimentos é perceber que as fronteiras entre o eu e o mundo que os rodeiam não são permanentes, estáticas, delimitadas a priori, mas aprende-se a construir teias protetivas, seguras e legítimas, a lidar com essas intempéries, a dizer não em determinados momentos a fim de se resguardar, pois não nascemos prontos e acabados, ou seja, produzimos e somos produzidos nesta relação dialética. Um dos caminhos para constituirmos e/ou descobrirmos nossos limites com o que está fora é nas sessões terapêuticas.
Assim, é importante percebermos que a vivência do estresse pode acontecer a partir do contexto sociocultural, como destacado anteriormente, mas também pela ausência de condições internas de lida com o que está ao nosso redor.
Há quem sinta desde a infância medo/estresse/desamparo diante das expectativas/demandas externas que com o tempo se somam às internas, fazendo ampliar o desejo, não de acertar, que seria muito positivo, mas de não errar, de acertar o tempo todo e isso pode acabar desencadeando, gradativamente, as primeiras experiências de cobranças excessivas, de mal estar diante do mundo, de sofrimento, de tristezas profundas e contínuas e demasiadamente estressantes.
Será que é possível acertar o tempo todo ainda que seja nosso desejo e o mundo nos cobre muitas vezes? Outra indagação oportuna: o que será que tem de você, daquela expectativa mais oculta, naquela situação que te irrita e te estressa?
O estresse tem também sua função diante do desconhecido, tal como aparece nas seguintes situações: apreensão face a uma viagem de avião, ao enfrentamento de uma prova ou seleção, frente à necessidade de se apresentar/falar em público, colocar-se diante de uma ocorrência no ambiente de trabalho, diante da iminência de determinados insetos, situações familiares críticas, problemas financeiros, etc. e estas terão sua interpretação, seu significado no mundo simbólico de cada sujeito.
Destaca-se que a busca por compreensão dos sintomas carreados pelo estresse e aquilo que está inconsciente poderá ser acessado nas sessões por meio de descobertas do que afeta o sujeito em seu cotidiano, bem como, a construção de formas singulares de lida com tristezas profundas que se instalam e que acabam se tornando repetições. Ou seja, por meio da fala e do uso da palavra (uso da linguagem) tem-se a possibilidade de deslocamentos gradativos dos sintomas e dos sofrimentos emocionais para outras maneiras de viver mais harmônicas.
Assim, indagar sobre o estresse desencadeado cotidianamente pode trazer descobertas, além de um aprendizado sobre o que gera desamparo, angústia, a fim de transpô-lo, possibilitando, também, a autoria e/ou reescrita de uma vida com mais bem-estar.
Para saber mais, leituras significativas:
* Todas as suas (im)perfeições- Colleen Hoover
* Uma história das emoções humanas - Richard Firth Godbehere
* Os afetos lacanianos - Colette Soler
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Daniela Scridelli Pereira
CRP: 18/7611
Contato: (66)984406375
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