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Foto do escritorTainara Justiniano de Azevedo

Nem oito, nem oitenta e nem mesmo o meio termo

Já ouvi muitas vezes, na clínica e na vida, pessoas falando que, ou elas faziam tudo ou desistiam e faziam nada, que ou faziam ser perfeito ou nem se moviam para fazer, que com elas é no oito ou no oitenta, no tudo ou nada.

E quando escuto falas como essas, costumo perguntar: e não tem um meio termo não? Algo entre o oito e o oitenta, entre o feito perfeito e o não feito? Entre o nada e o tudo? E vez por outra respondem essa pergunta com uma outra pergunta: mas o que seria esse entre?


E sinceramente? Eu não tenho essa resposta. Ou melhor, há muitas possibilidades para preencher esse entre e não há uma resposta universal para isso. O entre não é necessariamente o meio termo, a metade da soma entre o oito e o oitenta, o equilíbrio ideal entre o tudo e o nada. Até porque, o que seriam essas coisas? E será que saber que a divisão da soma de 8 mais 80 ser igual a 44, nos ajuda a sair desse lugar que nos paralisa?


Afinal, quando caímos nessa ideia de que temos que fazer tudo perfeito, que temos que nos doar 100%, que temos que resolver todos os problemas do mundo, nossos e dos outros, pegar para fazer tudo ou é melhor nem fazer nada, nós não saímos do lugar. E não vamos mesmo, porque sempre vai haver algo que nos falta, algo que não vamos dar conta sozinhos, algo que não depende só de nós, algo que indica, que nos faz sentir, que esse perfeito, esse ideal, não vai chegar.


E se não há resposta do que é esse entre, esse meio termo, o que podemos fazer para não ficarmos paralisados? Podemos construir uma, mas com o cuidado para que a resposta não torne-se uma nova regra, do tipo: já que não é 8 nem 80 agora tudo tem que ser 44. Não, é perceber que, por não haver uma resposta certa, podemos andar entre as mais variadas possibilidades e construir diferentes respostas e caminhos a depender da situação e do que queremos.

E por que estou falando disso aqui? Porque estava pensando na clínica e nos discursos que escuto e em como é interessante ver que uma pergunta feita a um dizer semelhante, desperta diferentes respostas para cada pessoa. E são respostas que movimentam, movimentam novas perguntas, novas falas, novas ideias, novos caminhos. Movimentam e não paralisam.


E que apesar de difícil sustentar esse não saber -de as vezes querer dar as minhas respostas as perguntas construídas no setting- é justamente não ter uma resposta pronta para um problema o que promove que o outro possa buscar seu próprio caminho. E descubra que talvez não precise ser 8, nem 80 e nem 44. Que as vezes da pra ser 75, 60, 25 e que não há problema algum nisso.

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