top of page

O que nos torna profundamente humanos.

Foto do escritor: Nathalia LeiteNathalia Leite



Há um lugar na experiência humana onde as palavras falham, onde a linguagem não alcança. Esse espaço pode ser angustiante, pois é onde nos deparamos com a impossibilidade de traduzir plenamente nossas emoções, pensamentos e vivências.


Pensar em se permitir estar na fronteira entre o que é compreendido e o mistério é um exercício. É aceitar que há territórios do ser que nunca serão totalmente decifrados, nem para os outros, nem para nós mesmos. Essa permissão é, ao mesmo tempo, uma abertura para a vulnerabilidade e uma celebração do desconhecido.


Estar nesse limiar é como caminhar em neblina: conseguimos perceber os contornos, algumas formas, mas nunca vemos o todo. É reconhecer que nossa essência se desdobra em camadas, muitas das quais nunca serão totalmente acessíveis, nem pelo pensamento racional nem pela linguagem. Nesse espaço, há liberdade e desconforto, mas também há beleza. O mistério preserva nossa humanidade, nossa profundidade e a poesia de existir.


Permitir-se habitar essa fronteira é um ato de presença. É abraçar o silêncio quando as palavras não bastam, escutar o corpo quando a mente não consegue traduzir, e acolher a dúvida como uma companheira, não como um inimigo. É também cultivar o respeito por aquilo que não entendemos completamente, tanto em nós como nos outros.


O mistério nos convida a praticar uma escuta mais atenta e a perceber que nem tudo precisa ser resolvido ou explicado. Às vezes, o sentido está em sentir, em permitir-se estar perdido, em experimentar o momento sem tentar enquadrá-lo em significados imediatos. A angústia e a inquietação que surgem dessa incerteza são parte do que nos torna profundamente humanos.


Nathalia Oliveira Leite 🦋✨

Psicóloga Clínica

 
 
 

Comments


bottom of page