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Foto do escritorThiago Rodrigues

Por que repetimos os mesmos erros?


Em quase uma década dedicada à prática psicanalítica, tenho sido testemunha da persistência dos padrões nocivos de comportamento que se repetem incansavelmente na vida dos meus pacientes. Neste contexto, a abordagem de Freud em "Recordar, Repetir e Elaborar (1914)" e o esquema triádico de Lacan - Real, Imaginário e Simbólico - oferecem insights que considero fundamentais para compreender e abordar essa complexidade psíquica.


Freud destacou a tendência humana de repetir experiências traumáticas, não como uma simples repetição mecânica, mas como uma oportunidade de recordar e elaborar. Essa repetição serve como uma tentativa de enfrentar o passado e integrar experiências traumáticas, mas, quando mal direcionada, pode resultar em ciclos viciosos com tendências autodestrutivas. Entendo, também, que a repetição de padrões é uma expressão do inconsciente, na tentativa de reviver e reprocessar experiências passadas. A ideia de que os indivíduos repetem não apenas eventos traumáticos, mas também padrões relacionais, ressoa profundamente na prática clínica.


A repetição é uma demanda do inconsciente por atenção, uma oportunidade de revisitar o passado não resolvido e transformar a dor em outra experiência, talvez, mais suportável.


O trabalho analítico, busca desvelar as tramas da repetição. A escuta atenta às repetições verbais e não-verbais, a interpretação das resistências e a exploração das imagens inconscientes são ferramentas essenciais. A elaboração, proposta por Freud, implica não apenas recordar, mas também compreender e reconstruir os significados associados aos padrões repetitivos.


Para entender melhor o que proponho a seguir, deixo uma pequena explicação em torno da contribuição de Lacan que podemos ver especialmente através do triângulo RIS (Real, Imaginário, Simbólico). O Real representa o inefável, o indomável, muitas vezes associado a experiências traumáticas que resistem à simbolização. O Imaginário, por sua vez, é a dimensão das imagens e das identificações, onde muitos padrões de auto-percepção se enraízam. O Simbólico, como linguagem e significado, influencia a construção desses padrões através das normas sociais e linguísticas.


O registro do Real, está frequentemente relacionado à angústia inerente à experiência humana. A repetição de padrões negativos pode servir como uma tentativa de evitar o confronto com o Real, levando o indivíduo a buscar refúgio no Simbólico, onde as narrativas podem ser construídas para mascarar dores latentes. A linguagem, embora valiosa, pode também ser um véu que dificulta e desafia a construção de uma realidade não simbolizada.


Na prática clínica psicanalítica buscamos, à grosso modo, desentrelaçar esses registros e abrir a possibilidade do sujeito de enxergar outras possibilidades, que antes pareciam inacessíveis e em seguida explorar as origens dos padrões nocivos. A análise permite que o paciente, com o auxílio do analista, examine as narrativas internalizadas e confronte o Real da angústia de maneira mais direta. A desconstrução desses padrões abre espaço para a elaboração, onde a repetição cede lugar à compreensão, aceitação e, eventualmente, à transformação e à mudança de comportamento.


Em minha jornada como psicanalista, tenho aprendido que a repetição de padrões nocivos é uma via para o entendimento mais profundo de si mesmo. No centro de toda a repetição, podemos encontrar alguma possibilidade de transformação, onde o paciente, com a orientação do analista, pode reescrever sua história e libertar-se dos padrões que antes o aprisionavam.


E você quer começar essa jornada de construção e desconstrução?


Te espero!




Thiago Rodrigues


Psicólogo - CRP 11/10198


Contato: (85) 98925-4549



Meu perfil no Terappia: thiago-oliveira-rodrigues

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