A transição da juventude para a idade adulta é explicada pela natureza efêmera dos projetos de vida, como a ênfase no auto aperfeiçoamento e na busca por especialização profissional, relacionamentos amorosos e a busca por independência financeira ou pessoal. Deste modo, é a partir da situação em que se encontra hoje, da intenção de organizar a sua própria história, que os jovens falam também dos seus projetos de vida ressaltando que a juventude está marcada por transições entre dependência e autonomia, e que os variados processos de inserção contemplam aspectos pessoais e sociais, tais como sexualidade, participação cultural e política e inserção no trabalho.
As mudanças na sociedade contemporânea promoveram e transformaram muito a transição da adolescência para a idade adulta. A flexibilidade das fronteiras etárias, a diversidade e a heterogeneidade das experiências geracionais são consideradas características da modernidade. Idade não é mais entendida apenas como uma referência à sequência temporal de inserção dos indivíduos na sociedade. As organizações sociais ajustam direitos e obrigações de acordo com a idade, e agora são entendidas como etapas para definir estilos que podem ou não ser adotados e para delimitar as fronteiras entre os indivíduos e a sociedade. O termo juventude implica ambivalência, que são compreendidas como potência ou problemas sociais, risco e vulnerabilidade. Entretanto, é válido salientar que a compreensão da juventude é constituída historicamente e, na tentativa de criar uma identificação natural, perde -se o real significado do termo. Para alguns autores, a juventude é um momento confuso e pouco definido na transição de papéis e na falta de emancipação social.
Para compreender a transição para a idade adulta, primeiro é necessário colocá-la dentro de um quadro histórico e de fundo específico no qual emerge como uma questão social. Discutir a transição para a idade adulta é na verdade impossível, porque muitos teóricos em algum momento propõem o conceito de ciclo de vida, categoria de idade e estrutura do ciclo ou curso de vida, assim teóricos que adotam métodos qualitativos preferem. A ideia de ciclo de vida traz à mente noções de continuidade sociobiológica. De acordo com esses conceitos, os indivíduos nascem, crescem, se reproduzem e morrem de acordo com um roteiro que se repete de geração em geração, mas o conceito de curso de vida é transformado em uma compreensão da vida como um fluxo, um movimento de auto renovação. Embora a melhor analogia do ciclo de vida possa ser um círculo fechado, o melhor representante do curso de vida é a rota, ou "trajetória", como diz Motta (1998).
Portanto, a transição para a vida adulta é caracterizada por uma série de mudanças e eventos específicos, incluindo concluir a escolaridade, ingressar no mercado de trabalho, casar e tornar-se mãe ou pai (HOGAN, 1986 apud VIEIRA, 2003). Em certa medida, a juventude é mais uma etapa de assumir grandes responsabilidades, porque já ocorreu na adolescência, mas devido às diferenças de classe social, gênero e diversidade cultural e étnica específica em sociedades e histórias específicas. (LEME et al., 2013).
A entrada para a vida adulta está entrelaçada a projetos de mobilidade social entendida por meio da história da família e do próprio indivíduo. Liberdade, ênfase na intimidade pessoal, acesso à educação, a possibilidade de alcançar independência econômica por meio do trabalho e a diferença da geração dos pais são os elementos básicos desse movimento de transição. De acordo com a pesquisa, temas como família, entrada no mercado de trabalho e Independência ganham destaque, permitindo aos mesmos comparar suas próprias experiências e projetos de vida com as trajetórias de vida de seus familiares, trazendo a história Inter geracional de diferentes possibilidades de organização familiar. (BARROS, 2010).
A vida adulta é interpretada pela brevidade desses projetos de vida, a ênfase no auto aperfeiçoamento e a busca por experiência profissional e relacionamentos amorosos. A contínua interrupção dos acontecimentos na vida adulta é vivenciada pela permanência na casa da família de origem e da circulação das jovens entre as casas dos pais separados, das avós, e de experiências esporádicas concomitante de saídas de casa que ocorrem devido ao profissionalismo e à vivência sexual. A avaliação da autonomia individual compartilhada por todas as gerações não está necessariamente relacionada à independência econômica dos jovens. (BARROS, 2010, apud BARROS et al., 2009).
A partir do pensamento da socialização e da construção da identidade, podemos pensar que o momento de inserção ocupacional pode desempenhar um papel importante na construção da identidade adulta, pois o papel social dos adultos está tradicionalmente relacionado ao papel social dos trabalhadores. A fase de formação da identidade adulta é tradicionalmente marcada pela inserção profissional. Após a entrada na idade adulta, espera-se que os jovens encontrem uma nova posição no sistema social e, ao mesmo tempo, sua subjetividade será transformada em adultos. O trabalho deixa de ser um papel social, com a função de organizar e orientar para a idade adulta, mas um registro de "escolhas", que é tido como expressão de autorrealização. Por exemplo, não é pela história da família do professor que segue a profissão de professor, mas a escolha de ser professor ocorre a partir do desenvolvimento de um processo de identidade auto referencial
Conclusão:
Por meio desta pesquisa foi possível concluir que alguns aspectos, tais como diferenças nas relações familiares, foram importantes para apresentar algumas diferenças individuais frente à transição para a vida adulta. Entretanto, também se observam desafios e perspectivas semelhantes; sobretudo, as principais dificuldades apresentadas frente a essa transição são baseadas em: maiores responsabilidades, a independência financeira e a inserção no mercado de trabalho.
Um dos limites deste estudo reside no fato de como as perguntas foram elaboradas, refletindo na dificuldade da análise das respostas adquiridas. Entretanto, essa constatação não restringe os resultados obtidos, e também não invalida a relevância dos mesmos.
Por outro lado, sugere-se que, no meio científico, se amplie espaço para publicações e estudos frente a esse tema, pois foram encontradas dificuldades nas pesquisas de artigos mais recentes. A maioria dos artigos atuais encontrados, foram estudos específicos sobre a transição para a vida adulta no meio de jovens que possuem alguma deficiência cognitiva (Autismo, TDAH e outros). Nesse sentido, houve algumas limitações em trazer conteúdos que contemplassem a transição para a vida adulta sem associação prévia com outras variáveis. Acrescenta-se ainda, os efeitos e as mudanças ocorridas após a pandemia da COVID-19.
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Ana Clara Damasceno
Psicóloga- CRP 06/181018
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