O construcionismo social é uma postura teórica e prática que ganhou destaque na psicologia e na forma de se fazer terapia. Originada a partir dos trabalhos de sociólogos como Berger e Luckmann, e posteriormente desenvolvida por terapeutas como Harlene Anderson e Kenneth Gergen, essa perspectiva e modo de se conhecer o mundo e ter contato com ele enfatiza a natureza social e relacional da realidade. No cerne do construcionismo social está a ideia de que a realidade não é algo fixo ou objetivo, mas sim construído através das interações sociais e das narrativas compartilhadas entre as pessoas. Isso significa que as percepções, interpretações e entendimentos do mundo são moldados pelas experiências sociais e culturais de cada indivíduo.
Na terapia, o construcionismo social implica em uma abordagem colaborativa, onde terapeuta e cliente co-criam novas histórias e significados alternativos para os problemas enfrentados e consequentemente levados até a terapia, promovendo assim a mudança e o empoderamento, sempre através da negociação de sentidos. Os terapeutas trabalham em colaboração com os clientes para co-construir novas narrativas que possam oferecer novos insights e possibilidades de mudança. Essa abordagem é centrada no cliente, respeitando sua experiência única e suas construções geradas a partir de suas próprias vivências e relações/interações sociais .
Além disso, o construcionismo social critica ideias de conhecimento universal e verdade absoluta, reconhecendo que nossas compreensões do mundo são sempre parciais e situadas em contextos específicos. Isso leva a uma valorização da diversidade de vozes e perspectivas, e a uma postura mais humilde em relação ao nosso próprio conhecimento. Na relação entre terapeuta e cliente, prevalece a noção de que ninguém é mais conhecedor da vida do cliente, do que ele próprio. A partir dessa ideia, o terapeuta coloca-se como um colaborador para a renegociação dos sentidos do próprio cliente.
Indicação de leitura: Construcionismo social, um convite ao diálogo.
Autores: Kenneth Gergen e Mary Gergen
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