A gente quer salvar o mundo.
Queremos abraçar todos que amamos, colocá-los em um lugar seguro e deixar eles lá, muito bem guardadinhos, blindados pela força do nosso amor.
E esse texto é um lembrete sobre isso: esse amor é válido, bonito e necessário. Mas ele não é possível de ser colocado em prática.
Chega um momento em deparamos com a dura realidade de que não podemos salvar o mundo. Não podemos blindar o outro da dor, nem assumir a responsabilidade por suas escolhas, nem carregar o peso de evitar seu sofrimento.
E então, nos resta a percepção: não podemos salvar o mundo.
Por mais forte que seja nosso amor por nossos pais, não podemos poupá-los de viver suas vidas, eximindo-os de suas escolhas e responsabilidades. Por maior que seja nossa preocupação com nossos familiares, não somos capazes e tirá-los de situações que cabe apenas a eles resolverem. Essas são decisões e escolhas e decisões que cabem apenas ao outro, e não temos o poder de controlar isso o desejo e o desenrolar da vida do outro.
Mas podemos fazer algo por nós, e tudo que podemos fazer é por nós.
Podemos cuidar do nosso corpo, das nossas escolhas e da nossa mente. Podemos olhar com carinho para nossas decisões passadas e expectativas futuras, e lidar com sobriedade com as preocupações que as escolhas dos outros nos causam.
A gente não consegue salvar o outro, tampouco o mundo lá fora. Mas talvez, com muito carinho, a gente consiga salvar nosso próprio mundo interior.

Comments