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A saída do Brasil e a dificuldade com a adaptação a uma nova cultura: os impactos emocionais de estar só

A decisão de mudar de país: entre sonhos e incertezas

11 de jul. de 2025

Bruna Defendi

Saúde mental
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Tomar a decisão de deixar o Brasil e recomeçar a vida em outro país é um passo complexo, atravessado por diversas variáveis comportamentais: conversas com amigos ou colegas que já foram, a busca por melhor qualidade de vida, a vontade de conhecer novos espaços e realizar sonhos.

Na perspectiva da Análise do Comportamento, essa decisão é resultado da busca de novos reforçadores como melhores salários, melhoras na qualidade de vida, segurança e liberdade.

No entanto, essa decisão envolve incertezas e medos: o medo do desconhecido e, ao mesmo tempo, o desejo de alcançar novos reforçadores. É um movimento marcado pelo conflito entre fugir de condições insatisfatórias e buscar condições que parecem melhores. Esse conflito afeta diretamente a saúde mental.

Além disso, existem impactos afetivos: pensar em estar longe de quem se ama, de referências culturais e de lugares familiares provoca um misto de dor e expectativa. Afinal, como lembra Bonin (1999), nossa identidade se constrói nas relações sociais e familiares.


O impacto social ao chegar em outro país e a busca por trabalho


O início em outro país costuma ser desafiador: regras diferentes, sistemas administrativos desconhecidos e costumes que parecem estranhos. Cada tarefa simples passa a exigir novos aprendizados, e as frustrações podem ser frequentes. Segundo Dias e Gonçalves (2007), altos níveis de estresse surgem especialmente com a barreira do idioma, diferenças nas leis e o sentimento de não pertencimento.

As diferenças culturais aparecem até nos detalhes: o jeito de cumprimentar, a distância física entre as pessoas, piadas, expressões e tons de voz que não se entende de imediato(Bontempo, Lobel & Triandis 1990).

A busca por emprego também vai além de enviar currículos: envolve compreender padrões de comportamento valorizados, regras não escritas e posturas que podem ser muito diferentes das aprendidas no Brasil. Cada entrevista representa uma nova contingência e, nesse processo, muitos imigrantes podem sentir insegurança ou baixa autoestima.


O papel da psicoterapia nesse processo


A psicoterapia pode ser uma aliada essencial nesse caminho. Com base na análise do comportamento, o processo psicoterapêutico ajuda a identificar comportamentos e pensamentos que mantêm o sofrimento, facilita a construção de novos repertórios sociais e a busca por reforçadores no novo contexto, como grupos, cursos, lazer e redes de apoio.

Mais do que isso, o espaço psicoterapêutico é seguro para falar de medos, perdas, saudade e das dúvidas sobre permanecer ou voltar. É também um ambiente para reconhecer conquistas, por menores que pareçam, e organizar metas realistas para o futuro.

Se você está vivendo ou pensando em viver esse processo, considere buscar apoio psicológico: cuidar da saúde mental é tão importante quanto planejar a mudança. Como aponta Skinner (1948) “não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna experimente’’.


Me chamo Bruna Malysz, sou Psicóloga (CRP 08/35611), e estou à disposição para esclarecer dúvidas e acolher sua história.

Contato: (44) 99723-5070




Referências

ANDRADES, L. L. et al. Stress e Processo de Adaptação em Pessoas que Mudam de País: Uma Revisão de Literatura. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 21, n. 3, p. 156-167, 1999.

BONIN, I. Cultura: aspectos e definições. 1999.

BONTEMPO, R.; LOBEL, S.; TRIANDIS, H. C. Cultural variation in cognition, affect, and social perception: The role of individualism and collectivism. 1990.

DIAS, S.; GONÇALVES, L. Impacto do processo migratório na saúde mental. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 79, p. 85-104, 2007.

MUHLEN, G.; DEWES, L.; LEITE, J. Stress e adaptação em pessoas que mudam de país. Revista de Psicologia da IMED, v. 2, n. 2, p. 237-247, 2010.

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