
Você já se pegou abrindo a geladeira sem estar realmente com fome? Ou devorando um pacote de biscoitos após um dia estressante, como se aquele sabor pudesse silenciar o turbilhão interno? Se sim, você não está sozinho. O comer ansioso é uma resposta emocional comum — e profundamente humana — diante da ansiedade.
Como psicóloga, vejo com frequência pessoas que se sentem culpadas por comer “sem controle”, sem perceber que, muitas vezes, esse comportamento é uma tentativa de lidar com sentimentos difíceis. A comida, nesse contexto, deixa de ser apenas nutrição e passa a ser refúgio, anestesia, companhia.
O que é o comer ansioso?
É quando usamos a comida como estratégia para aliviar tensões emocionais, especialmente a ansiedade. Não é fome física — aquela que cresce aos poucos, dá sinais claros e se satisfaz com qualquer alimento nutritivo. É uma fome urgente, seletiva, que aparece de repente e costuma pedir alimentos específicos (geralmente ricos em açúcar ou gordura).
Essa fome emocional pode surgir:
- Após situações de estresse ou frustração
- Durante momentos de solidão ou tédio
- Como forma de evitar pensamentos difíceis
- Para preencher um vazio que não é do estômago, mas da alma
Por que isso acontece?
A ansiedade ativa nosso sistema de alerta. O corpo entende que há uma ameaça (mesmo que simbólica) e busca formas de se proteger. Comer pode liberar dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer e à recompensa, oferecendo alívio momentâneo. Mas esse alívio é passageiro — e muitas vezes seguido por culpa, desconforto ou arrependimento.
Como lidar com o comer ansioso?
A primeira coisa que quero te dizer é: seja gentil consigo mesmo. Comer ansioso não é sinal de fraqueza, mas de um corpo e mente tentando se autorregular. A chave está em desenvolver consciência e acolhimento.
Aqui vão algumas estratégias que podem ajudar:
- Identifique os gatilhos emocionais: O que você sente antes de comer? Ansiedade, tristeza, raiva?
- Pratique o comer consciente: Pergunte-se: “Estou com fome física ou emocional?”
- Crie rotinas de autocuidado: Caminhar, respirar fundo, escrever, conversar — tudo isso pode ajudar a regular emoções sem recorrer à comida.
- Busque apoio psicológico: A terapia é um espaço seguro para entender suas emoções e construir novas formas de enfrentamento.
Um convite à escuta interna
Comer é um ato de cuidado. Mas quando a comida se torna o único recurso para lidar com a ansiedade, é hora de olhar para dentro. O que está pedindo atenção? O que está doendo? O que você precisa — além de alimento?
Se você se reconhece nesse texto, saiba que há caminhos possíveis. A ansiedade pode ser compreendida, acolhida e transformada. E você merece viver em paz com seu corpo, suas emoções e sua relação com a comida.
Com carinho,
Bárbara Luiza CRP 04/68753





