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O Silêncio da Ausência: uma travessia entre a dor e o sentido.

5 de set. de 2025

Psicóloga Andreza Fonseca Lima -CRP 11/23449

Autoconhecimento
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O luto é um território onde o tempo se curva e a vida se revela em sua fragilidade. Não é apenas a ausência que se instala, mas a presença que se transforma: o que se perde no mundo externo passa a habitar o íntimo, como lembrança, como marca, como ferida e como memória.

 

Na visão da psicanálise, o luto é o movimento de desprender-se sem nunca se desfazer. Freud dizia que é preciso retirar, pouco a pouco, a energia investida no objeto amado para poder viver novamente. Mas esse “desinvestimento” não significa esquecer. Ao contrário, significa transformar: aprender a viver com a presença da ausência, reconhecendo que o outro continua a existir dentro de nós.

 

A filosofia, por sua vez, lembra que o luto é também um exercício de existir. Heidegger falava da finitude como algo constitutivo do ser humano: só porque somos mortais, a vida pode ter sentido. O luto, nesse olhar, não é apenas dor, mas a consciência radical de que somos feitos de encontros e despedidas, e que cada perda nos convoca a repensar quem somos.

Entre a psicanálise e a filosofia, o luto aparece como uma travessia. Não há mapa, nem atalhos. Há apenas o caminho singular de cada sujeito, feito de silêncio e palavras, de lágrimas e resistências, de memórias que queimam e outras que aquecem.

 

No fundo, o luto é uma espécie de amor que não encontrou repouso: amor que insiste, mesmo quando a realidade exige partida. Filosoficamente, é o testemunho de que a vida é finita, mas o vínculo, esse, não se apaga. Na psicanálise, é o trabalho silencioso de dar um lugar interno ao que se perdeu, para que possamos continuar a viver sem negar a dor.

 

Assim, o luto nos atravessa, mas também nos molda. Ele nos lembra que sofrer é um modo de amar, e que aprender a viver depois da perda é também um gesto de coragem: o de afirmar a vida, mesmo quando o coração ainda caminha em direção ao passado.

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