
Muita gente se vê dizendo “sim” para tudo, mesmo quando está cansada, desconfortável ou simplesmente não quer. Essa dificuldade de colocar limites nas relações pode estar ligada a experiências muito antigas, lá do começo da vida.Segundo o psicanalista Donald Winnicott, quando somos bebês, precisamos de um ambiente que nos acolha de forma sensível, alguém que perceba nossas necessidades e responda com cuidado. Quando isso não acontece direito (por excesso ou por falta), a gente aprende a se adaptar ao outro para garantir carinho e aceitação. É aí que, muitas vezes, nasce uma parte da gente que só sabe agradar: o que Winnicott chamou de falso self.
Na vida adulta, isso pode aparecer como o medo de desagradar, de ser rejeitado ou até de perder o afeto de alguém importante. Então, a gente vai aceitando tudo, mesmo que vá contra o que sentimos ou precisamos. Aprender a dizer “não” e colocar limites não é egoísmo, é um passo essencial para viver de forma mais verdadeira, respeitando quem a gente é de fato. Em um processo terapêutico, é possível ir aos poucos reconhecendo essas dificuldades, se escutando mais e construindo relações mais equilibradas, onde o afeto não depende do quanto a gente se anula. Dizer “não” também é uma forma de dizer “sim” para si mesmo.





