
Continuando nossa exploração sobre o que nos afeta, é importante trazer à tona como diferentes áreas da saúde lidam com o que vivenciamos. Na psiquiatria, assim como na psicologia, falamos muito de sintomas, mas há nuances importantes a serem entendidas, especialmente quando fazemos um paralelo com o que são chamados de sinais.
Sintomas na Psiquiatria: Mais que Apenas um Mal-Estar
Quando um psiquiatra avalia alguém, ele busca entender todo o quadro. Os sintomas, na psiquiatria, são as experiências subjetivas que o paciente relata. São as dores, os medos, as tristezas, as ansiedades, as sensações de vazio ou de culpa que a pessoa sente e descreve. É a sua vivência interna do sofrimento. Por exemplo, sentir-se desesperançoso, ter dificuldade para dormir, ou experimentar pensamentos intrusivos são sintomas.
Eles podem ser o ponto de partida para um diagnóstico e um plano de tratamento, que pode incluir medicação, psicoterapia, ou uma combinação de ambas. A psiquiatria, ao lidar com esses sintomas, muitas vezes busca entender se há um desequilíbrio químico no cérebro, uma disfunção em determinada área, ou uma condição médica subjacente que possa estar causando essas manifestações.
Sinais: A Evidência Objetiva
Já os sinais são as manifestações objetivas e observáveis do sofrimento de uma pessoa, que podem ser percebidas por outra pessoa – como um profissional de saúde, um familiar ou um amigo. São aqueles indicadores que podem ser medidos, vistos ou testados.
Um psiquiatra pode observar sinais como:
Alterações no humor: expressas através de choro frequente, irritabilidade acentuada ou euforia.
Mudanças no comportamento: como isolamento social, agitação psicomotora, ou negligência com a higiene pessoal.
Aspectos físicos: como perda ou ganho de peso significativo, tremores, ou fadiga extrema.
Relatos concretos em testes: em exames neurológicos ou cognitivos.
A Distinção Crucial e o Paralelo
A grande diferença reside na subjetividade do sintoma versus a objetividade do sinal. O sintoma é o que você sente, o sinal é o que pode ser visto ou medido externamente.
Imagine que você está com gripe. Seu sintoma é a dor de garganta e a sensação de mal-estar. O sinal, que o médico pode observar, é a vermelhidão na sua garganta, a febre que ele mede no termômetro, ou os sons anormais que ele ouve com o estetoscópio.
No contexto psiquiátrico, um paciente pode relatar o sintoma de sentir-se "lento" ou "sem energia". O psiquiatra, observando o sinal, pode notar que a pessoa se move devagar, fala baixo e com pouca entonação, e tem dificuldade em manter contato visual. Ambos, sintoma e sinal, são cruciais para o diagnóstico e para o tratamento. O sinal ajuda o profissional a confirmar ou a complementar o que o paciente relata, e o sintoma dá a dimensão da experiência vivida pelo indivíduo.
Essa distinção é fundamental, pois nos ajuda a entender que, enquanto a psiquiatria oferece tratamentos baseados em evidências objetivas e intervenções farmacológicas para "sintomas" que podem ter bases biológicas, outras abordagens, como a psicoterapia, focam justamente na exploração e elaboração desses sintomas subjetivos, buscando dar sentido às experiências e promover a cura a partir da compreensão profunda do que está acontecendo.
Você percebe essa diferença entre o que você sente e o que as pessoas ao seu redor podem observar em você? Como essa distinção te ajuda a pensar sobre suas próprias experiências?





