
Vivemos em uma era onde a comparação virou rotina e o espelho virou tela. No lugar do reflexo, vemos filtros. E no lugar da realidade, versões cuidadosamente editadas de vidas que parecem perfeitas. Nesse cenário, a frase do psicólogo Carl Rogers ressurge como um grito de sanidade:
"O curioso paradoxo é que quando me aceito como sou, então posso mudar."
Mas o que isso realmente quer dizer em tempos deInstagram, LinkedIn, TikToke cobranças silenciosas?
💡 Aceitação não é conformismo — é o primeiro passo da mudança
Aceitar-se é olhar para si com honestidade, sem maquiagem emocional. É dizer: "issosou eu, com falhas, forças, traumas e beleza”. Isso não significa estagnar, mas sim partir de um ponto real para evoluir. Segundo Carl Rogers, só conseguimos crescer de verdade quando deixamos de lutar contra quem somos.br>🔗 Referência: Livro “Tornar-se Pessoa”, Carl Rogers – Editora Martins Fontes
📱 Redes sociais e o culto à comparação
Quantas vezes você rolou o feed e sentiu que estava ficando para trás? As redes sociais nos colocam numa eterna vitrine. De um lado, pessoas expondo conquistas, corpos, viagens, e até bem-estar emocional. Do outro, nós — muitas vezes esgotados, tentando parecer bem. Estudos recentes da FAPESP mostram que o uso intensivo de redes sociais está diretamente ligado ao aumento de sintomas de depressão e ansiedade em jovens e adultos.br>🔗 Fonte: Agência FAPESP – “Uso intenso de redes sociais afeta saúde mental de jovens”
🔥 A armadilha do “autoaperfeiçoamento tóxico”
A indústria do “melhore-se”, dos “5 passos para ser feliz”, e dos “milagres de produtividade” pode ser tão cruel quanto inspiradora. Vivemos um paradoxo: buscamos evolução, mas por medo de não sermos suficientes. E se, ao invés disso, aceitássemos nossas vulnerabilidades como pontos de partida legítimos? Isso não seria mais transformador?
🧘 A aceitação como revolução silenciosa
Em tempos de sobrecarga emocional, aceitar-se pode ser um ato de coragem radical. É sentar-se no meio do caos interno e dizer:“ Eu estou aqui. E tudo bem.”E dessa aceitação vem a verdadeira transformação — não a imposta pelo externo, mas a desejada por dentro.
🌱 Um convite: você se aceita?
Aceitar-se é talvez o passo mais difícil — mas também o mais libertador. Não é se conformar. É parar de brigar com o espelho, com os outros, com o algoritmo. É respirar fundo e reconhecer: “Eusou, e isso é suficiente para começar.”
🎭 Como esse paradoxo aparece na arte?
🌀 Eleanor Shellstrop (The Good Place): do egoísmo à autenticidade
Eleanor inicia sua jornada como uma pessoa egoísta, cínica e moralmente questionável — e ela sabe disso. Quando, por engano, vai parar no “Lugar Bom”, sua primeira reação é fingir que merece estar ali. Tenta esconder quem realmente é para se encaixar em uma versão idealizada de si mesma.
Mas, aos poucos, especialmente por meio da convivência com outros personagens (como Chidi, seu “professor de filosofia”), Eleanor começa a fazer algo essencial:encarar sua verdade. Em vez de fugir, ela olha para si com honestidade.
Quando aceita que foi, sim, uma péssima pessoa — e que isso não a define para sempre —, ela finalmente começa a mudar de verdade.
Sua evolução moral não vem da perfeição, mas daaceitação imperfeita de si mesma. E, ironicamente, é essa humildade que a torna capaz de se transformar — e até de questionar e reconstruir o próprio sistema cósmico da série.