
Há pessoas que cresceram aprendendo, cedo demais, que precisavam se virar sozinhas. Que o choro incomodava, que pedir colo era sinal de fraqueza, e que demonstrar dor poderia afastar quem mais amavam.
Essas experiências, muitas vezes sutis, deixam marcas profundas. E uma delas é o medo de depender.
O medo de depender é, no fundo, uma forma de proteção. É como se a mente dissesse: “Se eu não precisar de ninguém, não corro o risco de me decepcionar”.
Mas, com o tempo, essa proteção vira prisão. A pessoa se torna autosuficiente, mas também solitária. Forte, mas exausta. Presente para todos, mas ausente de si.
O desamparo emocional surge quando percebemos que, apesar de todas as tentativas de controle, ainda precisamos do outro de cuidado, de escuta, de presença.
E essa constatação pode ser dolorosa, porque nos lembra de momentos em que o amparo não veio, ou veio de forma confusa.
Na terapia, esse tema aparece com frequência: o desejo de se conectar e o medo de ser vulnerável. O medo de se abrir e, de novo, não ser compreendido.
Mas é justamente no espaço terapêutico que a pessoa pode, aos poucos, reaprender a confiar.
Confiar no vínculo, no cuidado, e sobretudo em si mesma.
Porque depender não é fraqueza. É parte da nossa condição humana.
Todos nós, em algum momento, precisamos de um olhar que nos acolha e de um espaço seguro onde possamos simplesmente ser.
Psicoóloga Gleiziane Baptista
CRP 05/71550





