
Connell e Marianne sempre voltam um para o outro, mas nunca inteiros. Há algo que os mantém presos em um espaço entre a conexão e a distância, entre o desejo de serem compreendidos e a incapacidade de colocar em palavras o que sentem.
"Você sabe que eu te amo. Ele não disse mais nada. Ela disse que também o amava e ele assentiu e continuou dirigindo como se absolutamente nada tivesse acontecido, o que, em certo sentido, era verdade." (p. 226)
Porque sentir não é o mesmo que expressar. E o que não se expressa, aos poucos, se perde.
Connell sente, mas não sabe dizer. Quando tenta, as palavras saem erradas, pequenas demais para dar conta do que está dentro dele. Ao não saber nomear, ele se cala. E ao se calar, se afasta. Mas a distância traz a falta, e a falta o traz de volta, em um ciclo silencioso de aproximação e

fuga.
Marianne, por outro lado, espera que ele compreenda o que não foi dito. Que leia os gestos, os silêncios, os espaços vazios entre uma conversa e outra.
Quantas relações se perdem assim? Não por falta de sentimento, mas por falta de clareza. Pela expectativa de que o outro adivinhe. Pelo medo de se expor. Pela dificuldade de traduzir o que se passa dentro.
No fim, quando não conseguimos dizer ou dar nome ao que sentimos, quando o que sentimos fica preso entre o que foi e o que poderia ter sido, o silêncio se torna o que separa.
Talvez o amor não seja sobre o que sentimos, mas sobre o que conseguimos comunicar.
Texto reflexão com base no livro e na série "Pessoas Normais".
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