A ansiedade é como uma visita que chega sem avisar. Ela bate à porta, entra sem pedir permissão e toma espaço dentro do peito. Às vezes vem discreta; em outras, chega como uma tempestade que começa pequena, até que de repente já está dominando tudo.

Ela surge quando a mente tenta viver no futuro antes que o corpo chegue lá. É o medo do que pode acontecer, do que talvez nunca aconteça, mas que já cria um turbilhão por dentro. A ansiedade nasce da tentativa humana, tão compreensível, de controlar o incontrolável. Ela aparece quando sentimos que precisamos dar conta de tudo, agradar a todos, garantir que nada saia do lugar.

O corpo reage primeiro: o coração acelera, a respiração prende, o estômago aperta. Não porque você esteja fraco, mas porque seu organismo acredita que precisa te proteger de algo. A ansiedade é, no fundo, um sistema de defesa que se ativou demais. É o corpo dizendo: “Eu estou sobrecarregado”.

Psicologicamente, a ansiedade conversa com expectativas. Com a cobrança por perfeição. Com medos antigos, que às vezes nem lembramos mais de onde vieram. Ela pode ser o eco de experiências passadas, o reflexo de ambientes que exigiram demais, ou a consequência de um mundo que não para, que cobra resultados, que não deixa espaço para simplesmente existir.

Mas a ansiedade não é inimiga — ela é um pedido de cuidado. Quando ela aparece, está dizendo que algo dentro de você precisa ser olhado com mais gentileza. Que talvez você esteja carregando peso demais, correndo rápido demais, se exigindo além do que alguém deveria exigir de si.

Na terapia, a ansiedade se transforma. Aos poucos, você aprende a reconhecer seus gatilhos, a escutar seu corpo, a separar o que é medo real do que é antecipação. Aprende a respirar de novo, a desacelerar, a se acolher. E descobre que viver não precisa ser uma corrida constante — pode ser um caminho onde você se encontra, não onde se perde.

A ansiedade fala alto, mas existe algo em você que fala mais alto ainda: sua capacidade de reorganizar sua história, de cuidar de si e de construir uma vida que faça sentido. Ela não define quem você é — apenas sinaliza onde dói para que você possa encontrar cura.