
Para aqueles que viveram no bosque tenebroso da depressão, e conheceram sua agonia indescritível, a volta do abismo não é muito diferente da ascensão do poeta subindo e subindo, deixando as profundezas negras do inferno, para chegar ao que ele via como “o mundo cheio de luz”. Aí, quem recuperou a saúde quase sempre recupera a capacidade para a serenidade e a alegria, e isso deve ser indenização suficiente por ter suportado o desespero além do desespero. William Styron, Perto das trevas, 1991, p. 91 (Citado no livro Perto das trevas: A depressão em seis perspectivas psicanalíticas - organizado por Alexandre Patricio de Almeida e Alfredo Naffah Neto
Imagine como deve ser sofrido se ver em um lugar tenebroso, sem alguma serenidade ou alegria, desesperado. É assim que o autor descreve o sofrimento depressivo. Esse trecho é bastante sensível e só quem passou, passa ou está conseguindo se recuperar de um estado de depressão consegue compreender.
O que considero mais bonito é como ele consegue descrever a capacidade de recuperação da saúde apesar de um estado de profunda imersão no sofrimento, no abismo.
Muitas vezes, achamos que não há esperança diante da depressão, a falta ânimo tira a alegria de viver. Mas não precisa ser assim. Apesar de ser difícil, um bom processo psicoterapêutico, através do vínculo estabelecido, pode trazer uma compreensão do que deprime: entender o que faltou, o que falta e o que não é possível recuperar mais, pensar nas idealizações sobre o passado, presente e futuro, pensar nas profundezas, ir deixando esse lugar e subindo quem sabe de um bosque tenebroso, para um jardim com algumas flores, borboletas.
É um processo trabalhoso, mas não impossível.
Acredite. Busque ajuda.