
Tem gente que some da vida da gente… mas, às vezes, o pior sumiço é o nosso próprio.
Porque existe um tipo de abandono que não envolve malas na porta, mensagem visualizada ou alguém indo embora.
É aquele em que você continua ali — respirando, entregando trabalho, respondendo mensagem — mas não está de verdade.
É o abandono silencioso:
quando você se deixa por último, quando passa por cima do que sente, quando implora pro corpo aguentar só mais um pouquinho, quando faz vista grossa pro seu limite e finge que está tudo bem.
É quando você se exige como se fosse uma máquina, mas se cuida como se fosse descartável.
E o mais cruel?
Esse tipo de abandono não acontece de uma vez.
Ele vem em migalhas:
um “depois eu descanso”,
um “não é tão importante assim”,
um “deixa pra lá, tem gente pior”.
Até que você percebe que virou especialista em atender o mundo e analfabeto em atender a si mesmo.
Reconhecer esse abandono é um ato imenso de coragem.
Porque cuidar de si não é mimo.
É manutenção.
É sobrevivência.
É resistência afetiva.
Talvez você não consiga mudar tudo hoje, mas pode começar com um gesto mínimo — um cuidado, um limite, uma pausa.
É assim que a gente volta pra casa:
não de uma vez, mas passo a passo.
Você merece a própria presença.
E merece agora, não só quando “der tempo”.





