
Amor não é encontro, é desencontro. Mas também não é prisão, não se destroem entre si.
Para Lacan, o amor sempre carrega uma falta. Desejamos no outro algo que nunca será encontrado por completo, porque ninguém corresponde exatamente ao que imaginamos.
O “encontro perfeito” é impossível — o amor nasce justamente desse desencontro. É quando vemos a falta no outro e, mesmo assim, escolhemos ficar.
Se o amor se transformasse em prisão, deixaria de ser amor e se tornaria domínio, poder, gozo do outro como objeto.
No amor, é preciso preservar a alteridade do outro: amar é, em certo sentido, sustentar a diferença, sem tentar transformá-lo em parte de nós.
O amor não é fusão (que sufoca), nem prisão (que anula), mas uma forma de viver com a falta e de lidar com a impossibilidade da completude.
Milena Duarte 🪴
CRP-04/65936





